Priscila Barbosa, de 20 anos, estava na 40ª semana de gestação quando foi internada no Hospital Municipal Mariska Ribeiro, em Bangu (RJ), com pressão alta. No dia 10 de junho, uma equipe médica iniciou o processo de indução do parto normal, que acabou no dia 11 com uma cesariana. No decorrer do procedimento, ela foi deixada sozinha por 1h30 e a sua bebê nasceu morta. As informações são do UOL.

Priscila relatou ao portal que as 12 horas de trabalho de parto foram sofridas, com dores e pedidos negados para que fosse feita a cesariana. Quando a médica chegou, ela conseguiu ver, junto com a sua mãe que a acompanhava, que a cabeça da bebê estava encaixada no canal vaginal. Nesse momento, a médica se ausentou do quarto e demorou 1h30 para voltar.

“Ela disse: ‘já volto’ e esse ‘já volto’ demorou mais de 1h30. Só fui para o centro cirúrgico quando ela colocou dois aparelhos e não conseguiu mais ouvir os batimentos cardíacos da minha filha. Alice nasceu, mas já sem vida. Senti a mão da minha mãe gelada e tremendo. Foi nesse momento que ela viu a Alice sair e os médicos tentando reanimá-la. Minha mãe viu tudo”, disse Priscila.

A jovem acredita que recebeu um atendimento médico precário. “Eu passei por mais de quatro médicos. Todos negaram meu pedido de cesárea. Essa última médica chegou a dizer que eu só tinha 20 anos e era muito jovem para ficar com uma cicatriz enorme na barriga. Foi um atendimento precário dessa última doutora.”

Foi a mãe de Priscila que contou sobre o falecimento da bebê. Como estava medica, ela acabou dormindo. Quando acordou, estava em um leito de enfermaria ao lado de outra mulher com o seu bebê nos braços.

“Quando vi aquilo comecei a chorar desesperada. Só depois me colocaram em um quarto isolada”, relatou a jovem.

Ela informou que, depois do ocorrido, não foi procurada pela equipe médica para saber a causa da morte de Alice.

O UOL teve acesso à certidão de óbito da bebê. O documento afirmou que a morte foi causada por aspiração de líquido mecônio (as primeiras fezes do recém-nascido) e duas paradas cardíacas.

O portal procurou a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro para saber o motivo da ausência da médica durante o trabalho de parto de Priscila, mas a instituição apenas lamentou o falecimento da bebê. Também frisou que as circunstâncias da morte estão sendo investigadas, “como é feito habitualmente em todos os óbitos neonatais ocorridos na rede”.

Em relação a cesariana, a secretaria informou que segue as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), que recomenda o procedimento quando os benefícios forem superiores aos riscos, já que se trata de uma cirurgia.

“Durante o período de internação há a avaliação médica constante para adoção do melhor protocolo hospitalar, que pode ser revisto de acordo com o quadro de saúde do bebê e da paciente”, finalizou.

O caso foi registrado na 34ª Delegacia Policial (Bangu). A Polícia Civil informou que apura a notícia-crime de negligência e ouvirá os profissionais que prestaram atendimento à Priscila.