Uma denúncia feita por funcionários do hospital municipal Lourenço Jorge, na Zona Oeste da capital fluminense, mostrou a situação precária em que a unidade se encontra. Em meio à pandemia do novo coronavírus, o necrotério do local está lotado e, com isso, corpos de vítimas estão estão expostos em um corredor, conforme imagens da última terça-feira (28), cedidas ao UOL.
Agentes de saúde do hospital já morreram de Covid-19 e um médico pediu demissão por conta da falta de condições de trabalho. Além disso, uma enfermeira fez um boletim de ocorrência pela falta de um médico na unidade após a morte de uma paciente pelo novo coronavírus.
Segundo funcionários ouvidos pelo UOL, o necrotério da unidade, com capacidade para 25 corpos, está lotado. Na última terça, o estacionamento da emergência ficou isolado, chamando a atenção de quem trabalha no local. O espaço foi destinado a um contêiner refrigerado, que será usado para armazenar corpos.
“Na segunda-feira [27], quando saí do plantão, vi que isolaram o estacionamento com uma fita. Achei que fosse alguma obra. Hoje [ontem], colocaram um contêiner colado na porta do necrotério. Tem muita gente morrendo. É assustador”, relata a técnica de enfermagem Elaine Sales.
A prefeitura do Rio de Janeiro confirmou a informação, mas negou a lotação do necrotério.
“A informação sobre ‘corpos amontoados’ não procede. Além de possuir um necrotério, o hospital alugou, preventivamente, um contêiner que poderá ampliar a capacidade de armazenamento, se necessário”, respondeu, em nota enviada pela assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde disse que serão feitas adequações nas escalas. Mas não informou se irá contratar novos médicos.
Ainda de acordo com a secretaria, 424 leitos exclusivos foram disponibilizados pela rede municipal para tratar pacientes da Covid-19. Até a última terça, o número de hospitalizados possivelmente com a doença é de 431, além dos 275 que aguardam a liberação de um leito de UTI.”A taxa de ocupação de leitos de UTI para covid-19 na rede SUS é de 97%”.