Há um mês, Fernando Henrique, de 11 anos, Alexandre, de 10 anos, e Lucas Mateus, de 8 anos, saíram para brincar em um campo de futebol ao lado do condomínio onde moram em Belford Roxo (RJ) e não voltaram mais para casa.

A Polícia Civil tem investigado o caso e apura até mesmo a participação de traficantes do Morro do Castelar no desaparecimento das três crianças. Sem pistas concretas sobre o paradeiro dos meninos, as famílias deles não perderam a esperança de encontrá-los vivos.

“A polícia não tem nenhuma pista. Mas vou lá quase todo dia para que o caso não caia no esquecimento. Alguém tem de me explicar como é que essas crianças sumiram assim, sem ninguém ver”, disse ao G1 a cozinheira Sílvia Regina da Silva, avó de Alexandre e Lucas, que são primos.

Sílvia Regina contou que deixou o emprego como cozinheira em uma casa de repouso par se dedicar exclusivamente à busca dos netos. “A esperança é a última que morre, né? Tenho quase certeza que eles ainda estão vivos. A fase da bronca já passou. Agora, quando eles aparecerem vou mesmo é fazer uma festa, encher eles de abraços e de beijos”, disse a avó.
De acordo com Anderson Caetano, tio de Fernando, a mãe do menino também mudou a rotina dela após o desaparecimento do filho.

“A mãe dele agora está muito agitada, fica trancada em casa com os outros filhos de 4 anos e 1 ano. Não sei como esses meninos sumiram. Nenhuma câmera viu. Mas entra carro e moto no condomínio o tempo todo. Fico pensando se não colocaram eles num carro e saíram de lá à noite sem ninguém ver. A gente ainda tem esperança de encontrar Fernando vivo. Ou ao menos que digam onde está o corpo para a família poder enterrar”, disse Anderson ao G1.

Investigações

Além do suposto envolvimento do tráfico local no desaparecimento, investigadores também aguardam o resultado de um exame de DNA feito em uma roupa encontrada em uma comunidade perto de onde os meninos moram.

Conforme a Polícia Civil, nenhuma das câmeras analisadas continha imagens da movimentação das crianças em Belford Roxo ou mesmo outros pontos da Baixada Fluminense e da Capital.

De acordo com o secretário de Polícia Civil, Allan Turnowski, o envolvimento de traficantes no caso passou a ser investigado após um homem ser torturado pelo tráfico para que confessasse o crime. O suspeito foi entregue à Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), no último dia 12, no entanto, as autoridades afirmam que ele “não tem qualquer relação com o caso”.

Também no dia 12, um ônibus foi queimado a cerca de 200 metros da delegacia. Pouco depois do incêndio ao ônibus, um grupo de moradores se reuniu próximo à delegacia para pedir justiça.

“Após a descoberta de que traficantes sequestraram um homem, amarraram e apresentaram para as famílias dos garotos desaparecidos como sendo o responsável pelo desaparecimento das crianças, assim como o fato de a manifestação de ontem [terça-feira] com um ônibus queimado ter tido incitação de pessoas ligadas ao tráfico de drogas, a Polícia Civil colocou como principal linha de investigação a participação de traficantes no desaparecimento dos meninos”, explicou ao Extra o secretário de Polícia Civil.