Uma ex-aluna do professor de história Eduardo Mistura afirmou que ele tentou ter relações sexuais com ela. O caso teria ocorrido em 2007 depois que a jovem teve aulas com o docente no curso Equipe 1, em Rio Bonito (RJ). O pedagogo também é acusado de possíveis assédios sexuais por ex-estudantes do Colégio Brigadeiro Newton Braga, na Ilha do Governador (RJ). As informações são do G1.

A mulher, de 32 anos, que preferiu não se identificar, informou que o caso aconteceu quando tinha 17 anos. Para ela, Eduardo Mistura era um excelente professor e muito divertido.

“Ele gostava muito de ficar conversando no corredor com os alunos no intervalo. Ele ficava cercado de alunos, todos rindo e ele contando piada pra caramba. Era um cara divertido da época.”

A moça ressaltou que, no período em que teve aula com o docente, ambos tiveram uma relação comum de professor e aluna.

Porém tudo mudou quando ela mandou um e-mail para Eduardo agradecendo pelas aulas e informando que havia ido bem no vestibular.

“Depois que eu fiz as provas, eu escrevi para ele agradecendo e ele me respondeu. Foram no máximo cinco e-mails. Eu gostava das mensagens dele, a gente falava sobre música. E aí ele me mandou uma música que dizia: ‘eu quero você’. Foi aí que a história começou.”

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Segundo ela, Eduardo Mistura a convidou para sair e, no caminho, entrou em uma rua deserta.

“A gente estava no carro, eu não lembro sobre o que falamos antes. Eu só tenho alguns flashes na minha cabeça. Mas ele chegou já querendo fazer sexo. E eu fiquei meio assim, sem entender e falei que não queria. Ele saiu, meio que se afastou. Isso tudo dentro do carro. E ele perguntou o que tinha acontecido. Eu falei: ‘eu quero ir embora.'”

No dia seguinte, Eduardo Mistura mandou um e-mail para a moça no qual dizia que a amava.

“Ele me escreveu um e-mail dizendo que me amava. Nada a ver. Eu respondi o e-mail e falei que ele estava exagerando. Que não tinha nada a ver. Depois ele me mandou uma mensagem no Orkut na época, num álbum público, uma coisa meio indevida”, relatou.

Evitar novos casos

A mulher afirmou ao G1 que decidiu expor a sua história depois que leu sobre as denúncias de outras ex-alunas.

Segundo ela, isso é necessário para que outras garotas não passem pela mesma situação.

“Pensei que essa história precisava vir a público porque ele não pode mais dar aula. Ele precisa ser afastado. Ele precisa de tratamento.”

Ela afirmou que, na época, não viu a situação como algo grave. Mas, depois, conseguiu enxergar com mais clareza.

“Vendo tudo isso que ele fez depois, eu ressignifiquei a minha lembrança. Eu deixei de ver uma coisa normal de um professor ‘trintão’ com alunas mais novas e passei a ver como abuso de fato.”

“Eu não acho que prender ele vai resolver. Ele precisa ser tratado. Ele tá doente”, concluiu.


O G1 tentou entrar em contato com o professor Eduardo Mistura, mas não obteve retorno até o momento.

Casos no colégio da Aeronáutica

Quatro ex-alunas do Colégio Brigadeiro Newton Braga procuraram, na terça-feira (10), a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OAB-RJ) para apresentarem novas denúncias de assédio sexual contra dois professores da instituição. Isso ocorreu depois que um grupo de alunas e ex-estudantes relataram o mesmo caso no órgão.

Os novos relatos contra os professores Eduardo Silva Mistura e Álvaro Luiz Pereira Barros, que ministram as disciplinas de história e educação física, respectivamente, foram encorajados depois que o portal divulgou os casos das alunas e ex-estudantes.

As novas denúncias apresentadas devem ser incluídas no documento que a OAB-RJ irá apresentar ao Ministério Público Federal (MPF). Isso é necessário já que o Colégio Brigadeiro Newton Braga é subordinado à Força Aérea Brasileira (FAB).

“É importante que essas meninas encorajem outras crianças e adolescentes que passam por situações parecidas, em outros ambientes. Que elas saibam que terão apoio dos órgãos de proteção e de garantia de direitos”, disse a coordenadora do Grupo de Trabalho da Criança, Adolescente e Juventude da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, Patrícia Félix.

As alunas e ex-estudantes decidiram procurar a OAB-RJ para relatar os casos porque, segundo elas, o colégio foi informado sobre os assédios, abriu um Inquérito Policial Militar, mas nada avançou em dois anos.

Agora, o grupo de advogados da OAB-RJ tem como objetivo que os professores sejam investigados fora do ambiente militar.

“A questão agora é o acolhimento dessas jovens que passaram por um momento de dificuldade no passado, mas que hoje precisam de atenção e precisam que suas denúncias sejam ouvidas. Nós vamos tomar todas as medidas cabíveis dentro do processo legal para que as investigações continuem”, afirmou Patrícia.

O que dizem o colégio e o professor de educação física

Os responsáveis pelo Colégio Brigadeiro Newton Braga afirmaram por meio de nota que os casos não foram notificados formalmente à instituição.

“Ainda assim, diante da gravidade da suspeita, a administração instaurou imediatamente, em 23 de junho de 2020, uma apuração por meio de Inquérito Policial Militar (IPM), o qual, após concluído, foi encaminhado ao Ministério Público Militar, em 27 de agosto do mesmo ano. Na ocasião, os supostos envolvidos ficaram também, por medida de cautela, afastados de suas funções por até 120 dias, prazo máximo previsto em lei.”

“Como desdobramento, foi determinada, ainda, a abertura de Processos Administrativos Disciplinares (PAD) para apurar também a existência de faltas disciplinares por parte dos servidores”, completou.

O comunicado ainda ressaltou que a Força Aérea Brasileira repudia qualquer conduta que não siga os seus valores, dedicação e missão.


O professor de educação física Álvaro Barros foi procurado pelo G1, mas não retornou os contatos feitos por mensagens e ligações.


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