RJ espera antecipação de 2ª dose de vacina da Pfizer para conter avanço da variante Delta

RJ espera antecipação de 2ª dose de vacina da Pfizer para conter avanço da variante Delta

Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) – O predominância da variante Delta do coronavírus no Rio de Janeiro é um situação que deixa as autoridades em alerta máximo e demanda a antecipação da segunda dose da vacina da Pifzer contra a Covid-19 para aumentar a imunidade da população do Estado, disse nesta terça-feira à Reuters o secretário de Saúde fluminense, Alexandre Chieppe.

A vigilância genômica realizada pelo Rio de Janeiro apontou que mais de 60% dos casos de Covid-19 no Estado foram causados pela variante Delta, identificada originalmente na Índia e responsável por novos surtos da doença em diversos lugares do mundo devido a seu maior poder de contágio.

Ao menos 67 das 92 cidades do Estado já sofrem com o predomínio da variante Delta, de acordo com autoridades estaduais de saúde, e a melhor forma de combater o avanço é com a antecipação da segunda dose da vacina da Pfizer, segundo o secretário.

“A Delta é extremamente grave em termos de risco de transmissão, e há uma preocupação muito grande aqui e no mundo com essa variante. O momento é de alerta máximo, de não retroceder nas medidas preventivas”, disse o secretário, ressaltando, no entanto, que a situação segue sob controle porque ainda há leitos disponíveis e possibilidade de abertura de novos se necessário.

O secretário disse que aguarda definição junto ao Ministério da Saúde para redução do intervalo entre as duas doses da vacina da Pfizer para aumentar a imunidade da população frente à Delta. O ministério anunciou no mês passado que fará a redução dos atuais 3 meses para 21 dias, conforme previsto na bula do imunizante, mas ainda não estipulou uma data.

“Tem que reduzir o prazo. Muitos estão sendo internados por que só tomaram a primeira dose. Quando já tem as duas doses isso cai, porque a efetividade da vacina é bem maior”, disse o secretário.

“Essa é uma variante que escapa muito da primeira dose da vacina e, portanto, é fundamental as duas doses, e a gente precisa avançar rápido nisso”, acrescentou.

Desde que começou a ser usada no país, no mês de maio, a vacina da Pfizer sempre teve prazo de 90 dias entre as duas doses, com base em eficácia apontada em um estudo realizado no Reino Unido, mas contrariando a bula do imunizante e adotando um intervalo igual ao da vacina AstraZeneca no país.

O intervalo maior foi uma alternativa para ampliar a campanha de imunização mediante a escassez de doses, e o anúncio da redução do intervalo agora ocorre em um momento de maior oferta de vacinas por parte da Pfizer e dos demais fornecedores.

O Estado do Rio já conseguiu uma cota extra de 5% nas remessas de vacinas enviadas pelo Ministério da Saúde por conta da Delta, inclusive com o apoio dos demais Estados, e agora espera um aumento desse volume extra para 15%, de acordo com o secretário.

Nas últimas semanas, em função da disseminação da Delta, o Rio tem enfrentado um aumento de casos e internações por coronavírus, ao contrário do restante do país, que tem registrado quedas. No Brasil como um todo, a variante dominante é a Gama, originada em Manaus, e não a Delta.

Nesse cenário, o Estado não descarta a possibilidade de recuar nas medidas de flexibilização anunciadas recentemente.

“Sejam as medidas de flexibilização ou de restrição, elas vão levar em conta o cenário epidemiológico e a oferta de leitos e se houver necessidade a gente vai retroceder“, disse.

A rede de saúde fluminense ainda tem uma certa folga, com taxa de ocupação de UTIs em 70%.

“A gente está preparado e não deve observar o que se viu meses atrás”, disse Chieppe, fazendo referência ao colapso do sistema de saúde no início deste ano.

A capital fluminense vai concluir nesta semana a vacinação de adultos e começará na próxima a imunização de adolescentes entre 12 e 17 anos.

O secretário estadual acredita, no entanto, que nesse momento seria mais importante do que vacinar adolescentes aplicar uma terceira dose em idosos — o que ainda não foi aprovado pelo Ministério da Saúde.

“Esse é o público mais vulnerável e que precisa de mais proteção. O jovens também precisam (ser vacinados), mas a maioria dos casos não tem maiores consequências”, afirmou.

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