A Prefeitura do Rio de Janeiro oficializou na segunda-feira (7) a concessão do quiosque Tropicália para a família de Moïse Kabagambe.  O quiosque vizinho, o Biruta, também será cedido à família.

No entanto, o dono do quiosque Biruta, o aposentado Celso Carnaval, de 81 anos, disse, em entrevista ao Uol, que não pretende ceder o espaço. Desde julho do ano passado, a concessionária Orla Rio, que administra 309 quiosques, move uma ação de reintegração de posse na Justiça, mas até agora não houve decisão no processo.

“Não vou sair. Estive conversando com algumas pessoas, e a orientação que tive é deixar rolar. Estou naquele ponto desde 1978 e não vou abandoná-lo”, afirmou Carnaval.

Em nota ao Uol, a Orla Rio informou que “primeiro vai começar a estruturar o projeto no quiosque onde funcionava o Tropicália”. “A concessionária só dará início à segunda fase [no Biruta] junto à família de Moïse, quando tiver conseguido reaver a posse”, diz o comunicada. “Enquanto isso, a empresa aguarda o andamento do processo na Justiça.”

O processo tramita na 1ª Vara Cível da Barra da Tijuca. Porém, Carnaval ainda não foi localizado oficialmente pela Justiça para tomar ciência da ação.

Relembre o caso

Moïse Kabagambe foi assassinado brutalmente a pauladas na orla da Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, em 24 de janeiro.

Nas imagens da câmera de segurança do estabelecimento se pode ver que o congolês foi derrubado no chão por um homem e, na sequência, recebeu vários golpes dos agressores, que continuaram batendo no jovem mesmo depois dele ter sido imobilizado.

A proposta é que, em parceria com a Orla Rio, o espaço seja transformado em um memorial e ponto de transmissão da cultura de países africanos. O termo de compromisso foi entregue à mãe de Moïse, Ivana Lay. O documento estabelece que o contrato de concessão vai até fevereiro de 2030 e a família do congolês terá suporte jurídico e contábil, além de treinamento para a gestão do espaço.

Samir Kabamgabe, irmão de Moïse, falou em nome da família. “Sabemos que essa ação que aconteceu com o meu irmão não veio do coração de todo o povo brasileiro. Recebemos muitas mensagens e o apoio de várias instituições. Queremos agradecer a todos pela solidariedade”.