Na segunda-feira (18), o cirurgião plástico equatoriano Bolívar Guerrero Silva foi preso por ser suspeito de ter mantido a paciente Daiane Chaves Cavalcante, de 36 anos, em cárcere privado dentro do Hospital Santa Branca, localizado em Duque de Caxias (RJ). Depois do procedimento cirúrgico, a paciente detalhou as complicações que sofreu. As informações são da Universa.

“Meu peito está todo necrosado e eu estou com dois buracos na barriga, um embaixo do umbigo. Eu não vejo meu umbigo. Me falaram que não era para eu contar pra ninguém que eu estava assim, não era pra eu contar para a minha família”, disse ela em entrevista ao programa RJTV, da TV Globo.

“Não podia andar pelo corredor, não podia fazer nada, só podia ficar trancada no quarto em que eu estava. Meu sentimento é de pavor, de dor, de angústia, de querer ir embora, de querer sair daqui”, acrescentou.

O caso veio à tona depois que uma amiga de Daiane acionou a polícia e relatou o que estava acontecendo. Quando os agentes chegaram ao hospital, constataram que a paciente corria risco de vida e, por meio disso, solicitaram uma liminar para que ela pudesse deixar a unidade de saúde.

Desde de junho, Daiane segue internada em estado grave devido às “várias complicações”. Agora, a sua família precisa decidir para qual unidade de saúde ela deve ser transferida.

“O que ele fez na barriga da minha filha não é brincadeira não, aquilo ali é demais. Ela queria ‘ficar vaidosa’, se ajeitar, não merecia isso”, disse o pai da paciente, Paulo Lacerda.

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Médico cirurgião já foi preso

O médico cirurgião equatoriano Bolívar atua em Duque de Caxias desde 1996. Durante a Operação Beleza Pura, em 2010, ele foi detido pela Polícia Civil por aplicar um medicamento para preenchimento facial que não tinha registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Além disso, ele responde por 19 processos. Um deles foi movido pela família de Cintia Fernandes de Oliveira, que morreu durante uma cirurgia de lipoescultura realizada por Bolívar. Na ação, os parentes alegaram que a paciente foi vítima de imprudência.

O cirurgião não é o único que tem pendências com a Justiça, o Hospital Santa Branca, onde Daiane realizou o procedimento cirúrgico, foi interditado em 2017 pela vigilância sanitária estadual por conta de irregularidades no local.

O que diz o médico?

A equipe do médico informou, por meio das redes sociais, que ele não manteve Daiane em cárcere privado. Ressaltou que “ela estava fazendo curativo e sendo assistida no hospital dele por ele, mas queria ser liberada sem ter terminado o tratamento e ele como médico seria imprudente de liberá-la”.

“Ele disse que poderia liberá-la se ela assinasse a alta a revelia — documento no qual a paciente se responsabiliza por qualquer coisa que acontecer após sua liberação — e ela não quis assinar. Como ela não assinou, ele não liberava”, completou.

O comunicado finalizou afirmando que Bolívar deve se pronunciar sobre o caso em breve.

Contudo, a delegada Fernanda Fernandes, titular da Delegacia de Atendimento à Mulher da cidade fluminense, informou que outras quatro mulheres procuraram a unidade policial após a repercussão do caso. “O que a gente tem agora são algumas outras vítimas procurando a delegacia e a gente vai registrar todas as ocorrências, de todas as vítimas que estão entrando em contato, inclusive por telefone.”

Procurada, a diretora do Hospital Santa Branca também negou que Daiane tenha sido mantida em cárcere privado. Apenas afirmou que “zela pela saúde física e mental das pessoas internadas na unidade”.

O Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro abriu uma sindicância para investigar o caso.


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