Um homem que é investigado por aplicar ao menos 11 golpes em mulheres que conheceu em aplicativos de relacionamento e somar uma quantia de R$ 1,8 milhão com o estelionato foi preso pela Polícia Civil na sexta-feira, 22 de março, em um restaurante no Rio de Janeiro. Caio Henrique da Silva Camossato conseguiu gerar um prejuízo de R$ 500 mil a apenas uma vítima.

A prisão foi orquestrada por um grupo de mulheres que haviam sido lesadas pelo acusado e se uniram em uma tentativa de impedir o prosseguimento de seus crimes.

Em contato com as vítimas, Caio Henrique alegava ser um ator de novelas, compositor de músicas e dono de propriedades, mas que passava por problemas financeiros. As informações foram divulgadas pelo Fantástico, da TV Globo, neste domingo, 31.

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“Meu vô faleceu em junho do ano passado. Eu era o único herdeiro, ‘saca’? Pô, maior dor de cabeça. Deus me livre”, dizia o investigado em áudio enviado a uma de suas vítimas. “Tenho zilhões de dificuldades ‘pra’ resolver na fazenda lá de Minas. Na fazenda de Goiânia, lá na de Morrinhos, em Goiás”, alegava Caio Henrique.

Uma das vítimas do investigado, Tayara Banharo, contou que conheceu o homem por aplicativo enquanto estava internada em uma unidade de saúde. Caio Henrique teria ido visitá-la quando ainda estava no local. “Fiquei até meio assim ‘né’? […] Ele me beijou no hospital”, relatou a mulher.

Outra vítima, que é de São Paulo mas não quis se identificar, explicou que o suspeito se mostrava como um homem sensível e “de família”. No primeiro encontro, a mulher já teria conhecido a mãe de Caio Henrique. “Eu acabei fazendo um empréstimo no banco de uns 15 mil reais, mais ou menos. Ele dizia que precisava pagar essa multa para a fazenda de Goiás”, contou, acrescentando que a dívida foi crescendo e chegou a quase R$ 150 mil.

Tayara afirmou que logo no primeiro encontro fora do hospital o suspeito pediu a quantia de R$ 1 mil, que ela emprestou. “Até soa um pouco constrangedor, mas ele tem muita lábia”. Entretanto, após uma pesquisa, a mulher descobriu que Caio Henrique seria um golpista e exigiu o dinheiro de volta sob ameaça de o expor. O valor foi devolvido pelo acusado.

Grupo de mulheres

A vítima havia ficado revoltad,a mas decidiu não se envolver tanto no assunto até ver uma outra reportagem do Fantástico, lançada em junho de 2023, apenas um mês após ter a quantia devolvida, em que Caio Henrique era acusado de lesar outras mulheres. “Eu entrei em choque. Não acreditei”, declarou Tayara.

A vítima entrou em contato com outras mulheres vítimas do sujeito. As integrantes conseguiam saber onde Caio Henrique estava, já que o homem utilizava o cartão de crédito de uma delas, além de entrar em contato com as autoridades.

Emboscada

Após a reportagem ser divulgada, Caio Henrique saiu dos aplicativos de relacionamento. Entretanto, retornou alguns meses depois. Tayara aproveitou para criar um perfil falso e atrair o suspeito a uma emboscada. Cada troca de mensagens era compartilhada no grupo de mulheres.

As conversas entre Caio Henrique e a personagem criada por Tayara duraram até um mandado de prisão ser emitido contra o sujeito. Os dois marcaram um encontro, mas no local, o investigado só achou agentes das forças de segurança.

“A investigação mostrou que ele é um criminoso contumaz. E o pior de tudo, ele continuava conversando com outras pretensas vítimas. A prisão dele era essencial para evitar que outras pessoas caíssem no seu golpe”, explicou o delegado Fábio Souza, da Polícia Civil do Rio de Janeiro.

Caio Henrique da Silva Camossato era investigado por cinco casos em São Paulo e já havia sido condenado por estelionato em 2019. À época, a pena foi convertida para prestação de serviços comunitários, determinação que o acusado nunca cumpriu.

Nos últimos dois meses, Caio Henrique se relacionava com uma policial militar do Rio de Janeiro.

A defesa de Caio Henrique alegou que as acusações não têm qualquer fundamento. “Tudo que vem sendo apurado trata-se de ilícito civil, mero descumprimento do que fora acordado entre as partes”, afirmou a defesa, complementando que a prisão é arbitrária e ilegal.