O River Plate surpreendeu o São Paulo no Morumbi nessa quinta-feira. Não por conseguir um ponto ao empatar por 2 a 2, algo que seria absolutamente natural em condições normais, mas por não dar praticamente nenhum sinal de falta de ritmo após 190 dias sem uma partida oficial.

O clube argentino mostrou ao Tricolor que a estabilidade é um caminho a ser seguido. Marcelo Gallardo é o técnico do River desde o meio de 2014, período em que o São Paulo foi comandado por Muricy Ramalho, Juan Carlos Osorio, Doriva, Edgardo Bauza, Ricardo Gomes, Rogério Ceni, Dorival Júnior, Diego Aguirre, André Jardine, Cuca e Fernando Diniz, sem contar os interinos.

Imagine que a situação fosse inversa: o São Paulo fazendo o seu primeiro jogo após o retorno do futebol contra um River Plate com 13 partidas disputadas e todo o lastro do trabalho de Marcelo Gallardo. Não é absurdo pensar que o resultado seria uma vitória tranquila dos argentinos.

Mesmo no jogo do Morumbi, houve momentos que deixaram a sensação de que o River venceria com facilidade se as duas equipes estivessem em igualdade de condições.

Provavelmente serão vários os analistas a diagnosticarem falta de competitividade do São Paulo nesta partida, mas talvez o problema não tenha sido este. A organização tática do River foi tão grande, tanto nos momentos de apertar a saída de bola quanto nos momentos de esperar o adversário com as linhas mais baixas, que o jogo do Tricolor, que geralmente é intenso, tornou-se moroso.

“Ah, mas Diniz demorou demais para mexer”. Sim, demorou. Trocou Pablo por Brenner dois minutos antes de o River fazer 2 a 1 e, após o gol de Álvarez, acionou Toró e Paulinho Boia nas vagas de Gabriel Sara e Vitor Bueno. Todas estas mudanças poderiam e deveriam ter sido feitas antes, mas talvez não fizessem a menor diferença. O River, parado há 190 dias, fez só uma mudança antes dos 40 minutos.

Talvez não seja coincidência que os gols do São Paulo tenham saído no começo e no fim do jogo. É possível que estes tenham sido os únicos momentos em que a falta de ritmo do River tenha permitido que a equipe brasileira acelerasse o seu jogo.

Tudo isso não resulta na conclusão de que a saída para a fila do São Paulo seja insistir em um treinador independentemente do que acontecer. Gallardo só está há tanto tempo no River porque dá resultado, além do fato de ser ídolo (o que o segurou em momentos de instabilidade ao longo de todos estes anos, como na precoce eliminação na Libertadores de 2016). Por mais que manter qualquer um dos treinadores por tanto tempo fosse utópico, o São Paulo poderia ter feito menos mudanças de filosofia e de elenco.

Toda a instabilidade acumulada faz o clube, agora, correr sério risco de não passar para os mata-matas da Libertadores. O próximo desafio é terça, às 21h30, fora de casa, contra a LDU.