O adversário do Palmeiras na Copa Libertadores representa capítulos importantes da história, da literatura e da tradição do Peru. Embora não seja um dos clubes mais vitoriosos do futebol local, o Melgar guarda grande parte da história do país, pois faz homenagem a um poeta atuante no século XIX e que foi personagem de destaque na longa batalha peruana para se tornar independente do domínio espanhol.

O clube, sediado em Arequipa, tem esse nome para homenagear Mariano Melgar Valdivieso, um dos filhos mais ilustres da cidade. Intelectual e poliglota, ele cursou Direito em Lima antes de voltar à terra natal em 1814 para se transformar em um personagem relevante na história do Peru.

Durante o período em que viveu na capital do país, Mariano teve contato com o movimento pela independência peruana. O então jovem de 24 anos regressou a Arequipa, passou a participar da política e resolveu participar de batalhas locais.

Mariano chegou a empunhar armas em combates contra espanhóis, até ser capturado e preso pelos rivais no ano seguinte. Em março de 1815, o escritor foi executado em um fuzilamento e, como últimas palavras, afirmou que a América do Sul estaria independente do domínio espanhol em menos de dez anos. A profecia se cumpriria.

A morte de Mariano marcou a cidade de Arequipa. Cem anos depois do episódio, um grupo de jovens fundou um time de futebol e decidiu homenagear o mártir local. O clube inicialmente se chamou Juventud Melgar, para depois simplificar o nome.

O escudo do clube tem nos detalhes uma referência marcante a Mariano. Além das cores vermelho e preto, os jogadores carregam no peito o desenho de uma lira. O instrumental musical similar a uma harpa era intensamente usado pelo poeta para compor suas obras. As suas principais produções são conhecidas no Peru como yaravis.

O gênero mistura literatura com música e é típico de Arequipa, principalmente por conter tantos traços da cultura inca como características da influência espanhola.

Apesar da forte ligação com o movimento político, Mariano escreveu principalmente poesias românticas. As obras só se tornaram famosas depois da morte do poeta e até hoje são bastante reverenciadas na literatura local.

O poeta também dá nome ao estádio do clube. Porém, por ter capacidade para apenas 15 mil torcedores, o local não é mais utilizado. Por coincidência, durante a Copa América de 2004 a seleção brasileira usou o Mariano Melgar como local de treinos e realizou alguns dos jogos da campanha no Monumental de Unsa, estádio da partida contra o Palmeiras.

DECISÃO – Como precisa vencer o Palmeiras para continuar vivo na Libertadores, o Melgar promete ser bastante ofensivo na partida. “Temos que somar três pontos de qualquer jeito. Vamos nos esforçar para isso”, afirmou o atacante e principal jogador do time, o argentino Bernardo Cuesta. “Estamos em condições de jogar de igual para igual”, completou o atacante Jhonny Vidales.