Rita Batista gerou debate no “Saia Justa”, do GNT, ao sair em defesa de Marlene Mattos, que cometia assédio moral contra Xuxa Meneghel e as paquitas, entre os anos 1980 e 2000.

A apresentadora do programa, que recebeu como convidadas as ex-paquitas Ana Paula Guimarães e Andrea Veiga, na edição de quarta-feira, 18, confessou que via a diretora como uma mulher inspiradora e entende o motivo de ela agir daquela forma. “Ela tinha que ser daquele jeito, senão seria engolida”, declarou Rita.

O tema da conversa era sonhos, e Eliana, então, questionou Rita, sobre ela desejar ser paquita quando era criança e adolescente. Para a surpresa do time da atração, a apresentadora respondeu que queria ser Marlene Mattos. “Eu vou explicar, calma. Sem a toxicidade do período, sem as questões complicadas”, iniciou ela.

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“Quando eu descobri que Marlene era uma mulher preta, nordestina, gay e que era a mulher que geria aquilo tudo, coordenava aquilo tudo, que tinha que dar resultado, tomava conta de vocês [paquitas], tomava conta de Xuxa, tinha a carreira internacional de Xuxa ainda. Eu dizia: ‘rapaz, é essa mulher aí que manda mesmo no negócio, né?'”, ponderou.

A reflexão fez com que ela pudesse entender o que levava Marlene Mattos a cometer algumas atrocidades nos bastidores. “Há questões, mas eu acho que naquela época, para ela dar esse resultado, para ela fazer o que tinha que fazer, ela tinha que ser daquele jeito, senão ela ia ser engolida, trucidada”, opinou.

“Depois, as responsabilidades – porque não podemos esquecer nunca disso, que com mulher o bicho pega muito mais – seriam todas embutidas na conta dela, dizendo: ‘a incompetente, que não deu resultado…'”, disparou.

Ana Paula Guimarães, a ex-paquita Catu, entendeu o ponto de vista de Rita, mas discordou. “Tem um paralelo aí nessa coisa… Porque necessário não era. Você estava lidando com criança. Tem uma coisa da liderança, e uma coisa do poder. Quando a pessoa começa a imputar o poder dentro dela, achar aquilo o máximo e exercer aquilo para oprimir, aí passa a ser abusivo”, rebateu a diretora do documentário das paquitas.

“Eu entendo toda essa parte – ela tem todos os méritos dela. Ela é uma mulher que conquistou, era um programa dirigido por mulher, feito por mulher, cercado por mulheres, roteirista mulher, então já tinha uma coisa empoderada ali, muito forte, de muita energia. Mas o que me deixa mais assustada é a pessoa não reconhecer que algumas coisas não eram necessárias”, explicou.

“Hoje”, interrompeu Rita. “Hoje e nem naquele momento”, insistiu Ana Paula. “Naquela época, acho que a gente permitia também, né? Que muitas coisas acontecesse. A gente se entretinha com aquelas crianças trabalhando até três horas da madrugada”, insistiu a apresentadora.

“É um momento da televisão, que hoje a gente reavalia e, é claro, a gente tem que fazer esse exame de consciência, mas eu sempre penso que essa coisa de muita luz, tem muita sombra também. Para não ficar somente a pessoa em um lugar de vilania. Há pessoas que permitiram que ela pudesse fazer aquilo, que aquilo acontecesse”, justificou.

“Sim, era um sistema. Tinha todo um sistema em volta. A gente não está atacando a pessoa”, concordou Ana Paula, que reforçou que Marlene Mattos foi convidada para participar do documentário, mas recusou.