03/10/2019 - 17:57
Os juros aprofundaram ao longo da tarde a queda visto pela manhã desta quinta-feira e fecharam a sessão regular em novas mínimas históricas nos contratos mais líquidos. A decepção com o dado de serviços do Instituto para Gestão da Oferta (ISM, em inglês), na sequência de outros dois do setor industrial divulgados nesta semana e que também frustraram, ampliou as preocupações com o rumo da economia americana e com o risco de recessão global. Com isso, houve enfraquecimento generalizado do dólar e, no caso do real, a moeda voltou a ser destaque positivo entre os emergentes, voltando a fechar na casa dos R$ 4,08, levando a reboque a curva de juros.
No Brasil, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou pela primeira vez abaixo dos 6%, em 5,98%, de 6,051% quarta no ajuste. A do DI para janeiro de 2021 fechou em 4,880%, de 4,949%. A do DI para janeiro de 2025 caiu de 6,671% para 6,61%.
O ISM de serviços nos Estados Unidos de setembro (52,6) caiu mais do que o esperado (55,3), elevando as preocupações com o ritmo da economia americana e mundial. “Isso contribuiu para a valorização do real. Este cenário é entendido como deflacionário, ou desinflacionário, e ajuda na redução dos prêmios na curva, principalmente no miolo”, disse o economista-chefe do Haitong Banco de Investimento, Flávio Serrano.
Segundo o CME Group, as chances de queda na taxa dos fed funds para a reunião do Fed em outubro chegam a 90% e para o encontro de dezembro já superam 50%. No Brasil, segundo Serrano, a precificação da curva aponta um total de 80 pontos-base de alívio na Selic até o fim do ano. “O cenário base é 4,75%, com uma probabilidade residual de ir um pouco além”, afirmou. Para o Copom de outubro, a curva mostra 90% de possibilidade de corte de 50 pontos-base. A taxa está em 5,5%.
Com o foco do mercado totalmente no exterior, o noticiário interno negativo foi deixado de lado. A reforma da Previdência voltou a dar sinais preocupantes, com lideranças do governo admitindo que o cronograma da reforma da Previdência no Senado vai atrasar – a chance de votação do segundo turno antes do dia 22 de outubro é “zero”, segundo o senador Chico Rodrigues (DEM-RR), um dos vice-líderes do governo na Casa.
No fim da manhã, estourou a notícia de que o Ministério Público Federal em São Paulo (MPF-SP) e a Polícia Federal investigam vazamentos de resultados de reunião do Copom ocorridos em 2010, 2011 e 2012, que supostamente teriam favorecido um fundo de investimento administrado pelo BTG Pactual. Nas mesas de renda fixa, a avaliação é de que taxas futuras não foram afetadas porque o fato “não tem relação com a atual administração do BC e, por isso, não contamina o ambiente”, disse uma fonte. O Banco Central afirmou que “não foi comunicado sobre o conteúdo da Operação Estrela Cadente, que corre sob segredo de Justiça”.