A gigante anglo-australiana Rio Tinto foi acusada de se isentar de sua responsabilidade na limpeza de resíduos tóxicos da gigantesca mina de Panguna, na ilha de Bougainville, em Papua Nova Guiné, em uma denúncia apresentada na Austrália nesta terça-feira (29).

A denúncia foi apresentada pelo centro jurídico de direitos humanos de Melbourne em nome de mais de 150 habitantes de Bougainville contra o grupo de mineração. A empresa já havia causado indignação na Austrália pela destruição, em maio passado, de um antigo local “aborígene”.

Os demandantes afirmam que a mina de Panguna, que foi o centro da sangrenta guerra civil de Bougainville nas décadas de 1980 e 1990, continua poluindo os cursos de água vizinhos, mais de 30 anos após seu fechamento.

Maior mina de cobre a céu aberto do mundo, Panguna representou sozinha até 40% das exportações de Papua Nova Guiné. Esteve em funcionamento de 1972 até 1989.

Os danos ambientais causados pela atividade de mineração e a ausência de investimentos financeiros provocaram grandes protestos entre a população.

As reivindicações relacionadas a esta mina deflagraram os primeiros confrontos entre o Exército e os rebeldes separatistas. A guerra civil deixou 20.000 mortos e continua sendo o conflito mais sangrento no Pacífico desde a Segunda Guerra Mundial.

Em 1998, um cessar-fogo foi alcançado. No final do ano passado, houve um referendo, no qual 98% dos votantes da ilha do Pacífico se declararam a favor da independência. Bougainville goza de autonomia desde 2005.

Em 2016, a Rio Tinto cedeu o controle de suas ações na mina de Panguna aos governos de Papua e Bougainville. A população acusou, então, o grupo de mineração de tentar sonegar os custos de limpeza do local.

A denúncia acusa a Rio Tinto de não administrar os riscos das bilhões de toneladas de resíduos de mineração que, segundo a acusação, são a causa de problemas de saúde para as mais de 12.000 pessoas que vivem no local.

Além disso, faz um apelo ao governo australiano para que pressione a Rio Tinto a iniciar negociações com os habitantes e abrir uma investigação, caso a tentativa de diálogo fracasse.

A gigante anglo-australiana diz estar disposta a negociar com os habitantes de Bougainville.