O consórcio Rio Motorsports, vencedor da licitação para construir o novo autódromo do Rio, em Deodoro, entregou nesta sexta-feira à Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade do Rio uma carta de compromisso para oficializar a renúncia de utilização de parte do terreno para fins imobiliários. O compromisso é de manter 41,9% dos 2 milhões de metros quadrados da área para práticas de conservação ambiental. O local é candidato a receber futuramente o GP do Brasil de Fórmula 1.

O empreendimento previsto para ser construído em um terreno do Exército na Floresta do Camboatá espera no momento a emissão da licença ambiental prévia para começar as obras. O custo estimado é de R$ 700 milhões, com recursos privados. Na última semana o projeto foi debatido durante cerca de dez horas em uma audiência pública virtual. A partir da realização desse encontro, teve início um prazo de dez dias para a apresentação de sugestões.

Segundo o diretor executivo do consórcio, JR Pereira, a apresentação do compromisso de que não haverá empreendimento imobiliário já estava prevista no planejamento. “Essa proposta a gente vem discutindo com o Inea (Instituto Estadual do Ambiental) e com a Secretaria já tem muito tempo. Durante a audiência pública esse assunto (empreendimento imobiliário) foi questionado, mas não foi por causa disso que houve a entrega da carta. Depois da audiência pública é o momento certo para se fazer esse tipo de movimento”, disse ao Estadão.

O documento entregue pela Rio Motorsports traz a promessa de utilizar 810 mil metros quadrados do terreno (o equivalente a 75 campos de futebol) como espaço de preservação ambiental. O consórcio sugere que o local seja utilizado para a manutenção do patrimônio biótico, implantação da área de soltura e recuperação de animais silvestres e criação de horto florestal. Essa área corresponde a 41,9% do total do terreno é referente à contrapartida apresentada no próprio edital de concorrência.

Pereira explicou que a decisão de não prosseguir com o empreendimento imobiliário não impacta nos planos de negócio. “Isso teve um retorno muito positivo aos investidores porque a gente não tem essa área como retorno financeiro do projeto”, disse. “A vegetação que está lá não é original. O terreno foi desmatado anos atrás por ter sido uma fazenda de café. Isso nos dá possibilidade de trabalhar junto com a Secretaria para trazer espécies originais da Mata Atlântica”, afirmou. Além do trecho de 41,9% do terreno, a Rio Motorsports pretende preservar mais outras áreas do espaço.

O consórcio pretende enviar ainda nesta sexta-feira o comunicado sobre essa decisão tanto para a Fórmula 1 como para a MotoGP, duas categorias interessadas em realizar provas na nova pista. A MotoGP, inclusive, assinou contrato para levar etapas para o Rio de Janeiro já a partir de 2022. A Fórmula 1 tem negociação avançada com o Rio, como antecipou o Estadão no fim de junho.

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O empresário considera que a proposta de preservação ambiental do projeto seja um dos trunfos para finalizar o acordo com a Fórmula 1. A principal categoria do automobilismo tem um plano especial para conseguir neutralizar até 2030 a emissão de carbono gerada pela competição. O empreendimento do autódromo prevê a derrubada de 70 mil árvores na Floresta do Camboatá, mas pretende replantar 700 mil como compensação.


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