Cerca de 300 mil alunos das escolas estaduais do Rio Grande do Sul não têm previsão para voltar às aulas depois da enchentes sem precedentes que já mataram 95 pessoas. Mais de 400 escolas foram danificadas e outras dezenas estão funcionando como abrigos. Além disso, professores e alunos estão desalojados ou sem água e também não há internet funcionando para oferecer ensino remoto.

+ Nível da água não baixa e mais bairros de Porto Alegre ficam alagados

Até o prédio da Secretaria da Educação do Estado foi alagado e todos estão trabalhando numa sala emprestada de uma universidade. “Nunca pensei em viver nada igual. Não vai existir um calendário escolar da rede do Rio Grande do Sul. Teremos escolas voltando, em diferentes datas, na medida do possível. Alguns voltarão amanhã, outros depois de amanhã, outros na semana que vem, cada dia é cada dia”, disse ao Estadão a secretária estadual de Educação, Raquel Teixeira.

Segundo ela, as primeiras escolas que voltaram a funcionar nesta terça-feira, 7, tiveram círculos de conversa, dinâmicas de acolhimento e as crianças escreveram cartas aos colegas que não puderam retornar.

A rede estadual tem cerca de 700 mil alunos e 400 mil estão no grupo que vão retornar gradativamente. “Com todas as dificuldades, vamos abrir, cada uma a seu tempo, todas elas.”

O balanço mais recente da secretaria indica que 941 escolas foram atingidas de alguma maneira, 421 danificadas ou destruídas. Outras estão com problemas de acesso ou servindo como abrigo. Nas unidades rurais, a volta será ainda mais complicada porque pontes e estradas também foram destruídas.

As escolas mais afetadas estão nas regiões de Porto Alegre, São Leopoldo, Estrela, Guaíba, Cachoeira do Sul, Canoas e Gravataí.

Dados das escolas afetadas:

  • 941 escolas, 421 escolas danificadas (total de 2.338 escolas estaduais);
  • 233 municípios;
  • 327.993 estudantes impactados;
  • 71 escolas servindo de abrigo

Segundo Raquel, a secretaria da educação e a subsecretaria de obras escolares estão fazendo um planejamento para reconstrução das escolas, buscando formas mais ágeis de contratação. O Senado aprovou nesta terça-feira decreto que reconhece o estado de calamidade pública no Rio Grande do Sul, o que facilita esse tipo de ajuda.

Novo alerta

O Rio Grande do Sul está em alerta para uma piora ainda maior na crise climática e humanitária que afeta ao menos 401 dos 497 municípios gaúchos. Há previsão de “temporais generalizados”, risco de descarga elétrica, ventos de até 100 km/h, granizo e uma queda acentuada na temperatura sequência.

O Governo do Estado alertou que não é o momento para voltar às áreas mais afetadas no Vale do Taquari e na Serra Gaúcha, mesmo onde a água baixou, pois há alto risco de novas enchentes e deslizamentos nos próximos dias, especialmente a partir de sexta-feira, 10.

Mais de 1,4 milhão de pessoas foram afetadas pelo maior desastre natural do Estado. Além do pedido por cobertores, há grande escassez de água potável em diversos municípios — diante do colapso das redes de fornecimento no Estado, desabastecimento dos comércios e bloqueios nas estradas —, assim como de mantimentos e outros itens de necessidade.