As semanas de moda brasileiras nasceram há 20 anos e nunca foram renovadas, adaptadas ao tudo-ao-mesmo-tempo-agora do século 21. O diagnóstico é do estilista Carlos Tufvesson, presidente do Conselho de Moda do município do Rio, e encontrou eco nos anseios de um grupo de donos de grifes cariocas, que se engajaram no Rio Moda Rio. Com desfiles em formatos diferentes, a primeira edição do evento será entre 14 e 18 junho, no Píer Mauá. Na próxima quarta-feira, na Marina da Glória, zona sul, estreia o Veste Rio, iniciativa focada mais em negócios e em palestras com reflexões sobre o setor. Os eventos vêm preencher o vazio deixado pelo Fashion Rio – a semana de moda saiu de cena em 2014, sem deixar rastro.

A premissa de Tufvesson é a mesma da São Paulo Fashion Week, que adotará em 2017 o “see now, buy now” (veja agora, compre agora), em substituição ao esquema tradicional da moda: desfilar a coleção primavera/verão no inverno e a de outono/inverno, no verão. É a constatação de que o consumidor não quer mais esperar tanto para encontrar nas lojas as roupas que viram nas passarelas, nos sites especializados, nas contas de instagram das grifes e das blogueiras.

Com esse argumento, Tufvesson foi até nomes centrais da cena carioca, como Oskar Metsavaht (Osklen), Lenny Niemeyer (Lenny) e Isabela Capeto, que, juntos, definiram: de 20% a 30% das coleções mostradas no Rio Moda Rio já estarão à venda nas lojas no dia seguinte. “É uma transformação mundial. Hoje, desfila-se a estação e só se coloca na loja em três meses, o que é uma eternidade. Quando vai comprar, a pessoa já acha que aquilo não é mais novidade. O formato da semana de moda como conhecemos se esgotou no Brasil, ele é do tempo em que não existia celular nem rede social.”

Filho da designer de acessórios Glorinha Paranaguá, Tufvesson circula pelo mundo da moda desde criança, desfilou suas criações pela primeira vez há 19 anos e passou pelo Fashion Rio e pela São Paulo Fashion Week desde suas origens, respectivamente, a Semana Leslie de Estilo (criada em 1992) e a Phytoervas Fashion (em 1993).

A ideia agora é aproximar a moda do comprador, abrindo o evento a quem quiser conhecê-lo – tradicionalmente, só convidados das grifes e jornalistas têm acesso às semanas de moda. Será cobrado ingresso de cerca de R$ 50 (o valor ainda está sendo definido), algo inédito no Brasil. “Vai ser uma correria para mim, só aceitei por ser na minha cidade. Mas a vida está muito rápida e temos que nos adequar: todo mundo quer tudo na hora. No dia seguinte do meu desfile já tem gente ligando para o ateliê porque viu a foto do vestido não sei onde”, endossa Isabela Capeto, que acaba de desfilar na SPFW.

As pessoas poderão ver os desfiles em telões, além de usufruir de produtos expostos em pop up stores (lojas temporárias), exibição de obras de arte e opções gastronômicas. O calendário inclui um edital para novos estilistas e um prêmio dedicado aos melhores do segmento em 12 diferentes categorias.

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Doze grifes vão se apresentar nas salas de desfiles, entre elas Osklen, Lenny, Isabela Capeto, Alessa, Blue Man, Martu, Patricia Viera e Guto Carvalhoneto (esta, da Bahia), e não necessariamente no formato tradicional. A Federação das Indústrias do Rio (Firjan), que chancelava o Fashion Rio, patrocinará o Rio Moda Rio, empreitada da Dream Factory, empresa que realiza grandes eventos, como o Rock in Rio, e a L21, a mesma da ArtRio, feira de arte do Rio.

A Federação do Comércio do Rio (Fecomércio) apresentará a feira de negócios Veste Rio, idealizada para fomentar o segmento no Rio. Realizada em parceria pela revista Vogue e o jornal O Globo, o evento já confirmou 80 expositores, que levarão coleções de primavera/verão para lojistas e mais de 600 compradores vindos de todo o País. Presentes, grifes como Totem, Animale, CCM, Isla, Mara Mac e a maior parte das que desfilam no Rio Moda Rio. Workshops, palestras e a montagem de um outlet (ponta de estoque) estão previstos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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