A um ano das convenções que escolherão os candidatos ao governo do Rio de Janeiro, o quadro da corrida eleitoral está esquentando. O impeachment de Wilson Witzel pôs lenha na fogueira, antecipando o processo, já que o atual governador, Cláudio Castro, lançou-se candidato à reeleição e isso motivou a turma da oposição a colocar o bloco na rua. Os candidatos mais viáveis, como Marcelo Freixo, Felipe Santa Cruz e Rodrigo Maia, no entanto, ainda estão em fase de definir novos rumos partidários, o que coloca fogo no cenário. Um dos fortes candidatos da esquerda, o deputado Freixo, acaba de trocar o PSOL pelo PSB para entrar no páreo com chances, pensando em atrair o apoio até de Lula. Para se viabilizar, porém, terá que convencer Alessandro Molon a disputar o Senado.

OAB

O presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, é outro que está incendiando os bastidores. Ele está sendo paparicado pelo PSDB, PDT e PSD para entrar na disputa. Santa Cruz teve o pai morto pela ditadura militar, levando Bolsonaro a dizer que sabia como ele havia sido executado. Felipe ficou revoltado e agora quer se eleger governador para
dar o troco.

Os Maias

Rodrigo Maia, que deixou o DEM, mas ainda não decidiu para onde vai, também articula disputar o Palácio das Laranjeiras. Doria tenta levá-lo para o PSDB, embora ele esteja mais perto do PSD. Se depender de seu pai, Cesar Maia, Rodrigo se junta ao prefeito Eduardo Paes e daí pode surgir a candidatura do ex-presidente da Câmara a governador.

Cacife alto

WAGNER PIRES

Não é de hoje que a deputada Bia Kicis faz o jogo golpista de Bolsonaro pensando em alçar voos mais altos. Investigada no STF por articular os atos antidemocráticos, ela tenta emplacar na Câmara o retrógrado voto impresso para se cacifar. Seus aliados espalham que ela pode ser vice do capitão, como faz o deputado estadual coronel Feitosa (PSC-PE) na sua página do Instagram, chamando-a de “futura vice”.

Retrato falado

“O que Bolsonaro está propondo é uma conspiração contra todas as medidas sanitárias que estamos adotando” (Crédito:Marco Ankosqui)

Gonzalo Vecina Neto, da Faculdade de Saúde Pública da USP, ficou estarrecido com a proposta de Bolsonaro para abolir o uso de máscara, justificando, aliás, sua obsessiva recusa de utilizar a proteção facial. Para Vecina, ex-presidente da Anvisa, essa é uma posição criminosa. “Quem já teve a doença, pode pegar novamente.” O uso da máscara só pode ser suspenso quando mais de 70% da população estiver imunizada e, hoje, apenas 11% dos brasileiros tomaram a segunda dose.

Apagão inevitável

É verdade que enfrentamos a pior seca dos últimos 91 anos, levando as represas a baixos níveis, reduzindo a capacidade de produção de energia e colocando o País sob o risco iminente de um apagão. O mais grave, porém, é que o consumidor, mais uma vez, é que vai pagar a conta pela incompetência. Ao invés de iniciar campanhas para poupar água e eletricidade, o governo prefere adotar o caminho mais doloroso para o contribuinte, lançando mão das termoelétricas, tocadas pelo caro óleo diesel. Para bancar esse aumento de custos, o governo adotará a bandeira vermelha 2, cobrando R$ 6,243 por cada 100 quilowatts consumidos a mais. A classe média vai pôr a mão no bolso.

Privatização

É por essas e outras barbeiragens que a venda da Eletrobrás já deveria ter sido feita há muito tempo, mas Bolsonaro e seus aliados do Centrão, contudo, não aprovam de vez a privatização da empresa no Senado: preferem ter a estatal sob seu domínio para continuarem mamando no empreguismo estatal.

Corrida pela PGR

Ciente de que Bolsonaro escolherá André Mendonça para o STF, o procurador-geral da República, Augusto Aras, trabalha para ser reconduzido na PGR. Subserviente ao mandatário, Aras teria recebido sinais de que pode ser indicado para o Supremo caso o capitão se reeleja. Em 2023, será a vez de Ricardo Lewandowski e Rosa Weber se aposentarem.

Antonio Augusto

Lista tríplice

Aras, porém, enfrenta uma cerrada oposição dentro da PGR para obter o novo mandato. Por mais que saibam que Bolsonaro não respeitará a lista tríplice para a escolha do nome, os 16 mil procuradores da República deram início à votação para eleger os três nomes indicados pela categoria para a vaga: Luíza Frischeisen, Mário Bonsaglia e Nicolau Dino.

Centrão puxa o tapete do general

Ueslei Marcelino

O Centrão quer derrubar três ministros: general Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil), Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Gilson Machado (Turismo). Dizem que Ramos dificulta o atendimento de suas demandas, enquanto Salles pode até ser preso por causa da madeira ilegal e o sanfoneiro do Turismo é responsável por um caixa cobiçado de verbas para alimentar suas campanhas.

Toma lá dá cá

Eunício Oliveira, ex-presidente do Senado (Crédito:Marcos Brandão)

Qual o nível de responsabilidade que Bolsonaro tem no caos sanitário do País?
Presidentes que honram seus cargos têm o dever de servir de exemplo à Nação. Lamentavelmente, o atual procurou se destacar por exemplos negativos em relação aos demais Poderes, à democracia e à saúde da população.

O que a CPI revelou de mais grave até agora?
Está ficando provado que Bolsonaro, além de atrapalhar a compra de vacinas, foi negligente na adoção
de medidas de combate à pandemia. Adotou práticas enganosas que levaram o Brasil ao descrédito internacional.

Por que o Congresso não analisa os pedidos de impeachment?
O Congresso reflete a opinião pública. Defendo que o atual governo seja deposto pelo voto em 2022.

Rápidas

* Para manter os privilégios dos fardados nos estados que o apoiam, Bolsonaro pensa em criar um programa de R$ 100 milhões para financiar a casa própria em condições especiais para atender policiais civis, militares e bombeiros. Cooptando aliados para o golpe.

* O governador João Doria comemora o fato de que a economia paulista apresentará um desempenho melhor do que a de Guedes. A previsão é que o PIB paulista cresça 7,6% este ano, contra 5,5% de crescimento nacional.

* O senador Alessandro Vieira, da CPI da Covid, estima que três de cada quatro mortes pelo coronavírus foram causadas pelas ações do governo. Ou seja, 375 mil dos 500 mil óbitos registrados ocorreram em razão das omissões de Bolsonaro.

* O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, foi mordido pela mosca azul. Lançado como pré-candidato a presidente da República por Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, ele já conversou com FHC e Michel Temer.