Declarações do brasileiro Caio Bonfim, que chegou em nono lugar da prova dos 50 km marcha atlética nos Jogos do Olímpicos do Rio, batendo o recorde brasileiro (3h47:02).

“Pensei muito no povo brasileiro hoje. Lembrei de todos os brasileiros que acordam de manhã e vencem seus 100 quilômetros diários. Eu só tinha esse de hoje. Muita gente queria ter saúde para poder caminhar por aí e não tem. Hoje pude representar essas pessoas. Eu tinha que honrar as cores dessa camisa, que representa a bandeira brasileira”.

“Ajoelhei na linha de chegada para agradecer a Deus, porque ele foi muito bondoso comigo. Com dois anos, minha pernas eram tortas, eu não tinha condições de andar e o médico achou que, no máximo, eu seria um jogador de dominó. Mas eu consegui ser uma atleta olímpico. Houve um milagre”.

“Estava muito preparado para o calor, tanto que nem senti. Foi uma passada de cada vez. Fiz os primeiros 10 km, não estava tão bem, nos 20, pensei: ‘meu Deus, como é que vou fazer?’ Depois vieram os 30, fiquei mais tranquilo, e falei comigo mesmo: ‘cara, estou dentro do recorde. Vamos tentar fazer o recorde brasileiro’. Quando bati o 40 sabia que dava para alcançar esse recorde. Fui animando, o povo foi me levando e pensei: ‘agora vamos a décimo’. Passei o australiano, o mexicano, só não deu tempo de passar o francês, aquele cara recordista do mundo.

“Minha carreira só está começando. A brincadeira começou agora. Mas será que o povo brasileiro vai achar o nono lugar um feito? Às vezes falam: ‘brasileiro é nono e ainda fica feliz’. Mas eu fui 14 minutos abaixo do meu recorde. É claro que eu queria medalha, fiquei cinco segundos atrás nos 20 km. Ser atleta olímpico é fantástico. Estou muito feliz com essa marca nos 50 km, tanto quanto com o quarto lugar”.

“O 50 km da marcha é uma prova de superação e acho que o povo brasileiro me empurrou muito. Tinha uma galera em cada pedaço me incentivando, estava até ficando fácil. Os último dez quilômetros foram os melhores”.

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