As federações esportivas e o Comitê Olímpico Internacional (COI) vão modificar a forma pela qual organizam os Jogos Olímpicos diante da constatação de que não podem deixar que a crise que afeta o Rio-2016 se repita no futuro. Documentos confidenciais obtidos pela reportagem do Estado revelam que as diversas modalidades e a direção do COI optaram por acelerar uma reforma interna na forma de selecionar a sede dos Jogos de 2024 e mesmo na organização da Olimpíada de 2020, em Tóquio, depois do agravamento dos problemas enfrentados pela cidade fluminense para cumprir o que prometeu.

Roma, Paris, Los Angeles e Budapeste são as cidades que concorrem para sediar o evento de 2024, numa decisão que será anunciada já em setembro de 2017. Mas a situação na cidade brasileira, faltando pouco mais de cem dias para o evento, está criando uma revolução interna entre os dirigentes.

Documentos da Associação Internacional de Federações Esportivas (Asoif) revelam que a crise que atingiu o Rio está levando as diferentes modalidades a buscar um acordo com o COI para permitir que elas também possam fazer suas avaliações sobre as candidaturas antes mesmo de uma cidade ser escolhida.

Em 2014, o COI havia lançado uma reforma interna, conhecida como Agenda 2020. A meta era a de repensar os Jogos Olímpicos e seu impacto. Agora, porém, o que ocorre no Rio acelerou todo o processo.

No relatório, as federações apontam que “a situação econômica global e especialmente no Brasil piorou, criando muitos desafios para a entrega dos Jogos e a necessidade de encontrar uma redução de custos substancial para se manter um orçamento equilibrado”.

No informe de março de 2016 e circulado no dia 19 de abril, as modalidades esportivas confirmam que a crise no Rio colocou a agenda de reformas na linha de frente da atuação do COI. “Diante do aumento da pressão em todos relativo à preparação dos Jogos do Rio de 2016, a prioridade foi naturalmente dada a isso (reforma) pelo COI, pela Asoif e por seus membros”, indicou o texto.

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“À medida que os problemas relativos ao Rio-2016 se tornam críticos, elementos do novo modelo estão sendo testados nos últimos meses antes dos Jogos de 2016 com vistas a que sejam implementados na Olimpíada de Tóquio em 2020”, explica o informe.

Dois pontos são considerados como essenciais pelas diferentes modalidades esportivas. A primeira delas se refere à capacidade das federações esportivas serem ouvidas pelas cidades para 2024 para que possam “ajudar a moldar as candidaturas”.

Os dirigentes do tênis, hóquei, esgrima, ginástica e tantos outros também querem que o COI os consulte a cada estágio do processo de seleção das futuras sedes para que possam opinar sobre qual das candidaturas é mais favorável às diferentes modalidades.

Já na semana passada, grupos liderados pela Federação Internacional de Judô criticaram a decisão “política” de levar o evento para o Rio, numa eleição que ocorreu em 2009. Questionado pela reportagem, o presidente do Comitê Organizador do Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman, rejeitou a crítica e disse que esse era um assunto que as federações deveriam resolver com o COI. “Isso não nos diz respeito”, apontou.


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