A meta de alcançar o top-10 do quadro de medalhas não foi cumprida, mas o presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman, afirmou nesta segunda-feira que tem sensação de “dever cumprido”, com o melhor resultado da história do país.

Em entrevista coletiva realizada no dia seguinte à cerimônia de encerramento dos Jogos, o dirigente deixou claro que “ainda é muito cedo” para traçar metas concretas para Tóquio-2020, mas adiantou que a expectativa é “manter ou melhorar” o desempenho obtido em casa, na Cidade Maravilhosa.

Marcus Vinícius Freire, superintendente executivo de esportes do COB, preferiu não traçar uma meta concreta.

“Vamos sentar com as confederações e apresentaremos a divisão de recursos e as metas até o fim do ano”, anunciou.

No Rio, os atletas brasileiros conquistaram 19 medalhas no total, superando o total de Londres-2012 (17), com sete ouros – mais que o recorde anterior, de Atenas-2004 – seis pratas e seis bronzes, deixando o Brasil em 12º lugar do quadro.

O COB destacou que o número de finais saltou de 36 para 71 em relação a Londres, sendo que 19 atletas chegaram em quarto ou quinto lugares, muito perto do pódio.

Outro aspecto positivo foi o fato de o Time Brasil ter obtido medalhas em 12 modalidades contra 9 em Londres-2012 e 8 de Pequim-2008, o que ajuda a dar mais visibilidade a esportes sem tanto apelo, como a canoagem, por exemplo, que ganhou um novo herói com Isaquias Queiroz, primeiro brasileiro a subir três vezes ao pódio em uma única edição dos Jogos.

“Os atletas brasileiros são heróis olímpicos, tendo ou não conquistado medalhas. Eles foram extraordinários. Todos eles merecem o nosso reconhecimento. A atuação de cada um deles foi direcionada para ter sua melhor performance. Muito obtiveram resultados que ninguém poderia imaginar. Esse é o caminho”, elogiou Nuzman.

“O objetivo não é meramente numérico. Tem que levar e conta o que vai ficar de legado”, resumiu.

Sem medo de crise

“A nossa meta era ousada, mas factível, tanto que ficamos a três medalhas do top-10 (o Canadá, décimo colocado, somou 22 medalhas). Tivemos um nível de investimento alto, mas a diferença é que outros países vêm mantendo esse nível há vários ciclos quadrienais”, justificou Marcus Vinícius Freire.

O nível de investimento é justamente um assunto que preocupa por conta da crise econômica e política que o país vem atravessando. Mesmo assim, Marcus Vinícius acredita que será possível manter a verba necessária para continuar desenvolvendo o esporte de alto rendimento no país.

“Nos últimos anos, o formato do financiamento do esporte mudou de forma favorável para nós. São vários agentes que formam esse financiamento. A lei de incentivo Agnaldo Piva, o ministério do esporte, com bolsa atleta e bolsa pódio, patrocinadores das confederações, forças armadas e os clubes. Essa soma dos agentes nos dá tranquilidade”, garantiu.

“Pode ser um pouco menor para um, maior para outro, mas o formato do financiamento não vai abalar a estrutura e o desenvolvimento do esporte brasileiro. Não há dependência de um financiador único como era o caso antigamente”, lembrou.

Para o próximo ciclo olímpico, o Brasil pode se espelhar no exemplo da Grã-Bretanha, que quatro anos após sediar os Jogos Olímpicos obteve no Rio um resultado ainda melhor: 67 medalhas contra 65.

Mas Nuzman preferiu citar outro exemplo, o da Espanha, que obteve 22 medalhas em Barcelona-1992, total que caiu para 17 na edição seguinte, em Atlanta-1996.

“O desempenho deles caiu em cinco medalhas em relação a Barcelona. Aqui, nós vamos tentar trabalhar junto com as confederações para que possamos desenvolver e melhorar a partir desse resultado, do legado desses Jogos”, esclareceu.

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