Ri de tudo nosso presidente. Riu das primeiras notícias que davam conta de que a pandemia chegaria ao Brasil.

Riu quando a pandemia atingiu a Europa.

Riu ao garantir que a Covid-19 era apenas uma gripezinha.

Riu ao alegar, sem nenhuma base científica, que no máximo 800 brasileiros morreriam.

Riu quando a OMS sugeriu o uso de máscaras como profilaxia.

Riu quando Mandetta disse que aqueles que se contaminassem deveriam ir para os hospitais apenas nos casos graves, porque o sistema de saúde não daria conta de tratar todos os contaminados.

Riu quando governadores começaram a estimular a população a ficar em casa.

Riu quando a cloroquina apareceu e alguns diziam ser um tratamento eficaz.

Riu dos que garantiam que a cloroquina não só era ineficaz como apresentava riscos.

Riu quando demitiu Mandetta.

Riu quando nomeou Teich.

Riu quando Teich saiu, semanas depois de assumir.

Riu quando mandou produzir um estoque de cloroquina equivalente a 18 anos.

Riu durante os meses sem nenhum ministro da Saúde.

Riu quando disse que tinha histórico de atleta.

Riu quando disse que todo mundo iria morrer um dia.

Riu quando afirmou que apenas os mais velhos morreriam.

Riu quando um jornalista o questionou sobre o risco de chegarmos a 200 mil mortos.

Riu quando pegou covid.

Riu quando disse que não era coveiro.

Riu quando nomeou para ministro, um general sem nenhuma experiência em Saúde.

Riu ao recusar a oferta da Pfizer de 70 milhões de doses de vacina.

Riu sobre ozonioterapia, aproveitando para encaixar uma piada homofóbica.

Riu quando disse que quem tomasse a Coronavac poderia pegar aids.

Riu quando disse que a vacina poderia transformar os brasileiros em jacarés.

Riu quando uma das pessoas que voluntariou-se à vacina morreu por causa não relacionada à vacina.

Riu quando disse que não pode fazer nada para conter as mortes.

Riu ao chamar o brasileiro de maricas e que fazemos muito mimimi.

Riu quando garantiu que a pandemia estava no fim, em janeiro.

Riu do aumento da taxa de suicídios.

Riu quando as mortes passaram de duas mil por dia.

Riu quando disse que não pode fazer nada, porque não tem onde comprar vacinas.

Riu quando as mortes passaram de duas mil e quinhentas por dia.

Riu quando o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que visitaria hospitais para conferir se os pacientes estão mesmo morrendo de Covid-19.

Para o presidente Bolsonaro, governar o País durante a maior crise sanitária da nossa História é uma grande diversão. De sua inesgotável fonte de piadas de botequim, sempre consegue encontrar uma nova ironia, uma leitura bem humorada de uma tragédia humanitária de proporções inimagináveis.

Em sua absoluta falta de empatia com o povo que o elegeu, seu cargo é uma farra.

Tirou 17 dias de férias no final do ano e se divertiu no Carnaval, em Florianópolis.

Na prática, desde que iniciou sua vida política, continua sendo o engraçadinho. Só que a piada não é mais ele.

Agora está aproveitando dos holofotes para expor tudo que pensava nos quase 30 anos de baixo clero.

E, pior, agora suas piadas infames, preconceituosas, grosseiras ou desumanas são o discurso oficial da Nação.

Um discurso que nos envergonha diante do mundo.

Já são 108 países que proíbem a entrada de brasileiros.

Quando você estiver lendo esse texto, provavelmente já teremos atingido 300 mil famílias que perderam gente querida para a pandemia.

E milhares continuarão perdendo, na razão de uma morte por minuto.

Estima-se que só conseguiremos vacinar toda a população brasileira em 2024.

Mas para o presidente, tudo não passa de uma conspiração da imprensa, dos comunistas, da mídia e daqueles que não conseguem rir de suas piadas.

Justo agora que ele assumiu, viramos um País sem senso de humor.