O ex-governador e candidato ao Senado no Paraná nas eleições 2018, Beto Richa (PSDB), disse nesta quinta-feira, 20, que o comportamento de antigos aliados seus que, após sua prisão, não querem aparecer ao seu lado é “oportunista”. Sem citar nomes, ele afirmou ainda que pretende seguir a campanha “sozinho”, sem pedir a “solidariedade de ninguém”.

“Não há dúvida que esse comportamento é oportunista. Deixei todos à vontade. Vi uma pesquisa (ao Senado), está tudo embolado, eu estou no páreo sim. Vou sozinho, não estou pedindo solidariedade de ninguém. Ao contrário, fiquei muito emocionado e sensibilizado pela solidariedade que recebi de muitos prefeitos e lideranças do interior”, disse Richa em entrevista a RPCTV, afiliada da Rede Globo no Paraná.

Após a detenção do tucano, por quatro dias, na semana passada, os candidatos ao governo do Paraná Ratinho Junior (PSD), que foi secretário de Estado no governo Richa, e a governadora Cida Borghetti (PP), que assumiu o governo quando Richa se desligou do cargo para concorrer ao Senado, procuraram se afastar da imagem do tucano. Cida chegou a pedir a expulsão de Richa da chapa encabeçada por ela.

Na entrevista, Richa também se defendeu das acusações das quais foi alvo, envolvendo supostos desvios em um programa de recuperações de estradas rurais. Flagrado em gravações entregues à Justiça pelo delator do caso, o ex-deputado Tony Garcia, o tucano afirmou que aguarda perícia a ser realizada no material. “Há impressão que tem edição dessa fita”, afirmou.

Em uma das gravações, Beto comenta com Garcia que falou com Celso Frare – empresário investigado na operação – e que o empresário “agradeceu” porque “caiu um ‘tito-tico’ que estava atrasado”. Segundo Richa, ‘tico-tico’ é um pagamento atrasado, não a propina. “Trata-se de um empresário que recebeu o pagamento de um contrato atrasado”, disse.

A Operação Radiopatrulha do Ministério Público do Paraná (MP-PR) investiga crimes em licitações para o reparo de estradas rurais do Estado pelo programa Patrulha do Campo. Na entrevista, Richa defendeu o projeto, dizendo que foi um “espetáculo” de programa, que beneficiou mais de 200 municípios. Segundo ele, o Patrulha do Campo acabou cancelado porque o governo federal passou a repassar maquinário às prefeituras e por conta da crise.

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Em relação aos outros investigados próximos ao ex-governador nessa e em outras operações, como a Quadro Negro, que apura desvios de recursos em obras de manutenção de escolas estaduais, Richa disse que “não tem compromisso com o erro de ninguém”. “Cada um que se explique, dê a sua satisfação. Mas também há um excesso, temos que ser cautelosos, preservar a honra das pessoas, preservar a presunção de inocência”, declarou.


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