A Arábia Saudita, país que até 2018 proibia mulheres de dirigir e onde ainda existem algumas que cumprem pena por reivindicarem esse direito, autorizou, nesta quinta-feira, duas mulheres sauditas pela primeira vez a participarem da edição 2022 do Rali Dakar, a ser realizada a partir de 1º de janeiro no país árabe.

“A Federação Saudita de Motorsports e Motociclismo concedeu as licenças necessárias a Dania Uqail e Mashaal al Obaidan para participarem do Rali Dakar 2022 da Arábia Saudita”, disse a agência de notícias oficial saudita SPA.

Nas duas primeiras edições realizadas na Arábia Saudita, várias mulheres já haviam competido, 12 na edição de 2020 e 17 na edição de 2021, mas nenhuma era saudita.

Uqail e Al Obaidan participarão da 44ª edição da mítica prova de automóvel pela equipe South Racing na categoria T3, de veículos leves que chegam a 135 quilômetros por hora e que percorrem uma distância total de 600 quilômetros em um programa de 12 dias.

“Participar deste grande evento é a realização de um sonho. Quando soube que o reino seria o anfitrião do Rali Dakar, entrei em contato com a Federação Saudita de Automóvel para saber como conseguir as licenças para competir”, explicou Al Obaidan.

O regime ultraconservador saudita faz com que as mulheres sofram vários tipos de restrições. O caso mais

conhecido é o de Loujain al Hathloul, condenada a cinco anos e oito meses de prisão por dirigir automóvel. Embora esteja me liberdade condicional desde fevereiro passado, após quase três anos na cadeia, ela ainda está sujeita a medidas cautelares, incluindo proibição de viajar para o exterior.

O Rali Dakar 2022 será disputado por duas semanass com o percurso de 8 mil quilômetros em terreno perigoso. A corrida começa com um prólogo de 19 quilômetros entre Jeddah e Ha’il em 1º de janeiro. Em seguida, serão 12 etapas, com um dia de descanso em Riad em 8 de janeiro, antes da bandeira quadriculada em Jeddah, no dia 14 de janeiro.