O forte incêndio que consumiu um prédio residencial na cidade espanhola de Valência nesta sexta-feira (23) deixou pelo menos nove mortos, segundo uma revisão do balanço divulgado pelas autoridades.

“A brigada científica da Polícia Nacional determinou durante o processo de identificação que são 9 os corpos encontrados até o momento”, indicou Pilar Bernabé, delegada do governo nesta região do leste da Espanha.

Horas antes, Bernabé havia informado sobre a descoberta de 10 corpos após uma primeira inspeção dos especialistas.

Na ocasião, disse que não se podia “descartar” a possibilidade de haver mais vítimas fatais, já que seriam realizadas “mais inspeções” e a quantidade de pessoas desaparecidas não estava clara.

Pouco antes do meio-dia, vários bombeiros equipados com trajes de proteção conseguiram finalmente entrar neste edifício composto por dois blocos contíguos, completamente queimado por um dos incêndios mais graves dos últimos anos na Espanha.

As temperaturas extremas atingidas por esta construção localizada no bairro Campanar impediram a entrada mais cedo dos serviços de emergência, que tiveram que trabalhar do lado de fora.

– “Horrível” –

Depois das violentas chamas que começaram na noite de quinta-feira às 17h30 (13h30 no horário de Brasília), esta construção, com 138 apartamentos, amanheceu nesta sexta-feira como um enorme esqueleto carbonizado.

O presidente regional de Valência, Carlos Mazón, declarou à imprensa que 15 pessoas foram atendidas com ferimentos de vários níveis, incluindo sete bombeiros, mas suas vidas não correm perigo.

As chamas engoliram o prédio quase por completo de maneira muito rápida, deixando imagens impressionantes. A causa do incêndio, porém, ainda não foi determinada.

Foi “horrível”, disse à AFP Vicente Ferrer, um aposentado de 72 anos, afirmando que “as Fallas não ardem tão rapidamente como o edifício queimou”, referindo-se às grandes figuras de cartão, papel e poliestireno que todos os anos queimam em março em Valência para a festa de San José, atraindo um milhão de pessoas à terceira cidade da Espanha.

Queimou “como se tivessem derramado gasolina”, disse Sergio Pérez, um motorista de 49 anos.

O presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, visitou o local do incidente e expressou sua “solidariedade” e “empatia com os familiares” das vítimas.

Cerca de 105 pessoas tiveram que ser realocadas, indicou a prefeita da cidade, María José Catalá.

– Dúvidas –

Diante da rápida propagação das chamas, vários especialistas questionaram a possível influência de um material isolante instalado na fachada, como aconteceu na tragédia da Torre Grenfell, em Londres, em junho de 2017, na qual morreram 72 pessoas.

Segundo Faustino Yanguas, comandante dos bombeiros do município Valência, o “possível material, que deverá ser investigado”, aliado aos fortes ventos que atingiram a cidade na tarde de quinta-feira, foram fatores cruciais para a rápida expansão do incêndio.

Várias unidades de socorristas foram mobilizadas para combater as grandes chamas, incluindo agentes da Unidade Militar de Emergências.

As autoridades desta dinâmica região do Mediterrâneo espanhol decretaram três dias de luto oficial e anunciaram uma ajuda de vários milhares de euros para que as famílias que perderam tudo na catástrofe possam comprar roupas e alimentos.

A Prefeitura de Valência informou que colocará à disposição das vítimas 131 apartamentos em um prédio que acabou de adquirir.

A partida da Liga de futebol entre Valência e Granada, prevista para sábado, também foi adiada.

Em outubro de 2023, um incêndio em um complexo de discotecas na região vizinha de Múrcia deixou 13 mortos, um incidente pelo qual seis pessoas respondem na Justiça.

bur-al-du-rs/an/aa/fp/aa/dd/ic/mvv