Guilherme Amado Coluna

Coluna: Guilherme Amado, do PlatôBR

Carioca, Amado passou por várias publicações, como Correio Braziliense, O Globo, Veja, Época, Extra e Metrópoles. Em 2022, ele publicou o livro “Sem máscara — o governo Bolsonaro e a aposta pelo caos” (Companhia das Letras).

Réus pelo golpe produziram provas contra si mesmos, diz criminalista Kakay

O advogado Kakay analisou o julgamento do golpe no STF e disse considerar os réus ‘indigentes intelectuais'

Gustavo Lima/STJ
Foto: Gustavo Lima/STJ

Um dos mais conhecidos criminalistas do país, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse ter ficado impressionado com as provas reunidas na ação penal pela tentativa de golpe, em julgamento pela Primeira Turma do STF. Para Kakay, os próprios réus produziram provas contra si.

“Eu nunca vi um processo onde os próprios réus produziram tantas provas contra eles. Eles são indigentes intelectuais. É algo assustador”, disse o advogado em entrevista ao canal de Amado Mundo, no YouTube, nessa terça-feira, 9.

Para Kakay, diante dessa profusão de provas, o processo teria sustentação para condená-los mesmo que a delação de Mauro Cid fosse anulada, como pediram advogados de réus na ação penal.

“Se a delação fosse anulada, somente Mauro Cid seria prejudicado. Porque as provas de corroboração estão todas presentes. Você tem confissão, mais de uma confissão, delação e inúmeras provas. Todo mundo se lembra daquela reunião em que foi encontrada no computador do Mauro Cid em que Bolsonaro, com os ministros, conversa sobre o golpe a ponto de o general Heleno falar: ’se tiver de ser tem de ser agora, antes das eleições’”.

O advogado citou um exemplo do que considera autoincriminação dos réus:

“Eu era abordado, até carinhosamente, às vezes em aeroportos, em debates: ‘Kakay, você acredita que teve mesmo o golpe, o Punhal Verde e Amarelo? Você não acha meio estranho, não?’ Aí, de repente, vem um general e confessa que foi ele que fez o golpe”, afirmou, referindo-se ao plano que previa os assassinatos de Alexandre de Moraes, Lula e Geraldo Alckmin, cuja autoria foi admitida pelo general Mário Fernandes, ex-assessor do governo Bolsonaro.