O São Paulo abriu na quarta-feira as portas de seu centro de treinamento para um grupo de quase 30 torcedores – de organizadas, sócios, sócios-torcedores e torcedores “comuns” – para uma reunião de mais de uma hora com a diretoria, comissão técnica e jogadores do time. Mas a paz continua distante.

Bem avaliada pelo presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, a conversa acabou causando constrangimento antes mesmo de acontecer. Isso porque alguns membros do Conselho de Administração do clube não gostaram de não ter sido consultados com antecedência sobre o encontro.

A reunião com os torcedores, solicitada pelas organizadas Tricolor Independente e Dragões da Real, foi um dos temas da última reunião do conselho, na noite de terça-feira, mas, segundo apurou o Estado, poucas informações concretas sobre o formato e sobre quem participaria do “papo” foram repassadas aos conselheiros, o que deixou alguns preocupados. Para eles, o encontro com os torcedores poderia trazer uma exposição negativa ainda maior ao São Paulo, que vive sob forte pressão por causa do risco de ser rebaixado pela primeira vez no Campeonato Brasileiro.

Uma das hipóteses levantadas é de que a diretoria tinha consciência de que a proposta teria pouco apoio dentro do Conselho de Administrativo. Por isso, tomou a decisão sem passar pelo grupo, que foi instituído pelo novo estatuto social do São Paulo justamente para descentralizar decisões importantes e torná-las mais horizontais dentro do clube.

Para o São Paulo, porém, o balanço do encontro é positivo. A assessoria de imprensa do clube informou que o clima da conversa foi amistoso e que não houve tensão ou críticas individuais, nem “dedo na cara” de jogadores, comissão técnica ou diretoria.

Todo o elenco do time comandado por Dorival Junior estava presente. Após a reunião, a orientação dada aos presentes foi de manter as informações do encontro em sigilo. O São Paulo não se pronunciou oficialmente sobre a conversa e nenhum jogador fala com a imprensa desde segunda-feira, por decisão interna do clube. À tarde, no CT, Leco se limitou a dizer que o encontro foi muito importante para o time e fez um balanço positivo da conversa.

Mais tarde, as organizadas emitiram comunicados reforçando o tom de diálogo e os discursos de apoio e cobrança sobre o clube. De acordo com a Dragões da Real, a opção pelo diálogo foi a estratégia encontrada para não “piorar o que já está ruim”. “Muitos queriam dedo na cara de jogador, só que a linha que adotamos, certa ou errada, é de não piorar o que já está ruim, usando diálogo e mostrando o quanto o São Paulo é importante para nós”.

A Independente informou que, no encontro, atletas demonstraram vergonha por causa da situação do time na temporada. “O jogadores demonstraram a vergonha que todos estão passando no dia-a-dia. Hernanes e Lugano deixaram claro que não tem racha no elenco, que existe muita liderança e muito comprometimento de todos.”