CIDADE DO VATICANO, 1 OUT (ANSA) – A reunião entre o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, e seu homólogo norte-americano, Mike Pompeo, realizada nesta quinta-feira (1º) foi “respeitosa e cordial”, informou o diretor da sala de imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni.   

O representante confirmou que houve a discussão sobre temas referentes à China, bem como outros assuntos de interesse mundial durante os 45 minutos de conversas.   

“No curso da reunião desta manhã entre o secretário de Estado dos Estados Unidos da América, Michael Richard Pompeo, e o secretário de Estado de Sua Santidade, Sua Eminência o cardeal Pietro Parolin, acompanhado de Sua Excelência monsenhor Richard Gallagher, secretário para a Relação com os Estados, as partes apresentaram as suas respectivas posições sobre as relações com a República Popular Chinesa, em um clima de respeito, descontraído e cordial”, informou Bruni.   

O encontro ocorreu menos de 24 horas depois de Parolin e Gallagher se mostrarem visivelmente incomodados com a pressão do governo de Donald Trump para que o Vaticano não renove um acordo com a China na questão de nomeação dos bispos. O pacto foi firmado em 2018 e deve ser renovado neste mês sem maiores problemas, informou a própria Igreja Católica recentemente.   

Nesta quarta-feira (30), a embaixada norte-americana no Vaticano organizou um evento sobre liberdade religiosa sem combinar com a Santa Sé, e que contou com a participação de Pompeo. Ao ser questionado pela ANSA se esse simpósio era uma tentativa de “instrumentalização” do Papa em plena campanha eleitoral nos EUA, Gallagher respondeu que “sim” e que essa “é uma das razões pelas quais o Papa não se reunirá” com norte-americano.   

Apesar da irritação do cardeal, o Pontífice não costuma se reunir com representantes de países que estejam em período eleitoral – como ocorre nos EUA -, mas a publicação recente de um artigo em que Pompeo questionava a “autoridade moral” do líder católico no caso de renovação de acordo, acirrou os ânimos.   

Parolin, que tem sempre uma postura diplomática, afirmou que o texto não causou “irritação” nele, mas sim “surpresa” com a postura. A igreja nos EUA tem uma grande ala ultraconservadora, que é um dos alvos políticos nas eleições para Trump, e também uma das mais críticas ao Pontificado de Francisco.   

A reunião ainda discutiu os conflitos no Cáucaso, com a escalada de violência entre o Azerbaijão e a Armênia, no Oriente Médio e na crise do Mediterrâneo Oriental, que colocou Turquia, Grécia e Chipre em um clima de altíssima tensão por conta da exploração de combustíveis fósseis. (ANSA).