A produção industrial brasileira manteve em outubro a tendência de melhora de ritmo, embora ainda de forma lenta e gradual, avaliou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A indústria operava em setembro 17,2% abaixo do pico de produção registrado em junho de 2013, segundo os resultados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física divulgados pelo IBGE. O ritmo de produção estava em patamar semelhante a fevereiro e março de 2009, época da crise financeira internacional.

“Os resultados dão uma clara sensação de melhora de ritmo da produção industrial. Mas não quer dizer que a melhora tenha revertido as perdas anteriores da produção em períodos recentes. É claro que esse distanciamento para o pico de produção já foi maior, no início de 2016 ultrapassava os 20 pontos porcentuais. Em fevereiro de 2016, a indústria operava 21,5% abaixo do ponto mais alto. Há uma melhora”, ressaltou Macedo.

Segundo o gerente do IBGE, houve aumento no número de trabalhadores ocupados no mercado de trabalho, mas a geração de postos de trabalho ainda é calcada na informalidade. O aumento da massa de rendimento é positivo, mas ainda longe de superar as perdas dos anos anteriores. O mesmo acontece com os indicadores de confiança, que vêm apresentando elevação, mas permanecem distantes de patamares anteriores à crise.

“A indústria permanece com tendência de melhora de ritmo, mas ainda com característica gradual”, declarou Macedo.

O pesquisador chamou atenção para o fato de o crescimento de 1,9% acumulado pela produção industrial de janeiro a outubro deste ano ter ocorrido sobre uma base de comparação muito baixa. De janeiro a outubro do ano passado, a indústria tinha acumulado uma perda de 7,4%.

“Os setores amplamente positivos no ano têm nas exportações explicação importante para resultados”, lembrou Macedo, citando as atividades de veículos, calçados, metalurgia, máquinas e equipamentos, além dos exportadores tradicionais, como o setor de celulose. “Tem uma combinação de mercado externo e melhora recente da demanda doméstica”, completou Macedo.

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Bens duráveis

A queda de 2,0% na produção de bens de consumo duráveis na passagem de setembro para outubro é um movimento pontual, uma acomodação natural, que não afeta a tendência de recuperação do segmento, avaliou André Macedo.

“Os bens duráveis vinham de três meses de crescimento, o equivalente a uma alta acumulada de 9,7% no período. Não é de forma alguma uma reversão de tendência desse segmento. No ano, permanece com crescimento de dois dígitos (12,4%). Tem melhora do mercado de trabalho, da massa de rendimento, a inflação está mais baixa, aumento no crédito”, lembrou Macedo.

Em outubro, houve redução na fabricação de eletrodomésticos da linha marrom, que incluem aparelhos de TV e de som, e de automóveis. Por outro lado, a produção de caminhões cresceu, ajudando no aumento de 1,1% registrado por bens de capital ante setembro. “Bens de capital teve influência da maior produção de caminhões e de bens de capital para a área de construção”, contou Macedo. “No ano, o que puxa a categoria são os bens de capital para o setor agrícola”, acrescentou.


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