Os restos de dois naufrágios do século XVIII na costa da Costa Rica, que se acreditava pertencerem a navios piratas, revelaram ser de embarcações dinamarquesas usadas no tráfico de escravizados, informou um museu neste domingo (27).
Pesquisas realizadas na madeira, em blocos de carga e peças de argila encontradas durante escavações submarinas determinaram a identidade de ambas as embarcações, que naufragaram em 1710 nos recifes de coral do que hoje é o Parque Nacional Cahuita, no Caribe, informou o Museu Nacional da Dinamarca.
O relatório afirma que os destroços são dos navios negreiros ‘Fridericus Quartus’ e ‘Christianus Quintus’, que, de acordo com fontes históricas, naufragaram na costa da América Central em 1710, mas o local exato de seu desaparecimento era desconhecido.
O museu acrescentou que, na Costa Rica, dois naufrágios eram conhecidos há muito tempo nas águas do Parque Nacional Cahuita, perto da cidade de Puerto Limón, embora se pensasse que eram de embarcações de corsários.
Mas quando os arqueólogos marinhos dos Estados Unidos encontraram tijolos amarelos em um dos naufrágios em 2015, novas questões foram levantadas sobre a identidade das embarcações.
Uma escavação subaquática foi realizada em 2023 e as análises subsequentes “são muito convincentes e não temos mais dúvidas de que esses são os restos dos dois navios negreiros dinamarqueses”, disse David Gregory, arqueólogo marinho do Museu Nacional da Dinamarca.
“Os blocos de carga são dinamarqueses, assim como a madeira, que também está carbonizada e suja de fuligem […] do fogo. Isso é perfeitamente consistente com os relatos históricos de que um dos navios pegou fogo”, acrescentou Gregory.
Seu colega, o arqueólogo marinho Andreas Kallmeyer Bloch, disse que essa foi a escavação arqueológica “mais alucinante” em que já esteve envolvido, “não apenas por causa de sua grande importância para a população local, mas também porque é um dos naufrágios mais dramáticos da história dinamarquesa, e agora sabemos exatamente onde aconteceu”, disse ele.
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