BRUXELAS, 18 DEZ (ANSA) – O negociador da União Europeia para o Brexit, Michel Barnier, afirmou nesta sexta-feira (18) que restam “algumas horas” para definir o acordo – ou a ausência dele – com o Reino Unido sobre a saída dos britânicos do bloco econômico.   

“Agora é o momento da verdade, resta pouco tempo, algumas horas úteis nas negociações para garantir a entrada em vigor do acordo em 1º de janeiro. Como disse [Ursula] Von der Leyen, há a possibilidade de um acordo, mas o caminho é muito estreito. Aqui precisamos tomar decisões e cada um deve assumir suas responsabilidades. Eu assumo a minha no respeito ao mandato dado pelos 27 [países-membros da EU]”, disse Barnier em fala ao Parlamento Europeu.   

Segundo o francês, “foram os britânicos que fixaram um prazo tão curto para a saída e refutaram qualquer prorrogação do período de transição”. O representante do bloco ainda voltou a dizer que “queremos um acordo, mas não será um acordo a qualquer custo”.   

“Nós estamos prontos para qualquer cenário, e preparamos as medidas de emergência para estarmos prontos para um ‘no deal'”, acrescentou falando sobre a possibilidade de não haver nenhum avanço nas conversas.   

Por sua vez, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, afirmou que seu governo “mantém a porta aberta” para um acordo de livre comércio com a União Europeia, mas “há coisas que parecem difíceis” de serem resolvidas.   

“Há uma lacuna que precisa ser preenchida e o Reino Unido fez muito e está buscando ajudar. Esperamos que nossos amigos europeus deem uma prova de bom senso e levem à mesa de negociação alguma coisa também porque estamos assim nesse ponto”, disse aos jornalistas durante uma visita a Manchester.   

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Os principais nós das negociações permanecem os mesmos desde março, mas com maior destaque para a questão da Política Comum de Pescas.   

Por conta do atual acordo vigente, os países-membros da UE podem fazer a prática da pesca comercial em águas territoriais de qualquer Estado do bloco. Porém, os britânicos querem autonomia para decidir se aceitam barcos de outros países europeus em suas águas. Em contrapartida, os pescadores britânicos estão preocupados porque mais de 80% da pesca local é exportada, justamente, para os 27 do bloco.   

“Nenhum governo britânico sensato pode aceitar um acordo que não respeite os princípios de base. No início, pode ser difícil, mas esse país saberá prosperar potentemente, como disse muitas vezes, e desfrutar das oportunidades que se abrirão em 2021”, finalizou Johnson.   

Pelas afirmações públicas dos últimos dias, outros dois pontos de crise entre as partes parecem ter sido resolvidos: a rejeição de Londres ao chamado “level playing field”, o compromisso de garantir o alinhamento às normas para que a concorrência seja leal e justa, e a rejeição dos britânicos de se submeterem às leis da Corte de Justiça Europeia.   

Recentemente, os dois lados fecharam um acordo sobre a Irlanda do Norte, que manterá uma espécie de status duplo, permanecendo no território aduaneiro britânico, mas seguindo algumas normas sanitárias da União Europeia.   

A partir de 1º de janeiro de 2021, com ou sem acordo, o Reino Unido e a União Europeia se divorciam totalmente. (ANSA).   


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