As autoridades do México afirmaram nesta sexta-feira (12) que há “condições” para entrar na mina no norte do país onde 10 trabalhadores estão presos há nove dias por uma inundação, revivendo a esperança de seus parentes após dois dias de progresso lento.

“Temos todas as condições para descer hoje (…) à busca e salvamento” dos mineiros, disse a coordenadora nacional da Proteção Civil, Laura Velázquez, durante a conferência matinal do presidente Andrés Manuel López Obrador.

Velázquez explicou que a operação será possível graças à “extração de 97% da água” que inundou a mina de carvão da cidade de Agujita (estado de Coahuila, norte).

“Os recursos necessários estão prontos para iniciar os esforços de busca e resgate”, afirmou.

O nível da água está em 70 centímetros em um dos três poços por onde será feita uma tentativa de entrada, em comparação com os 30 metros no dia seguinte ao acidente, explicou na mesma conferência o secretário da Defesa Nacional, Luis Cresencio Sandoval.

-“Deus queira que sim”-

“Com esse nível já podem entrar. Deus queira que sim”, declarou à AFP David Huerta, de 35 anos, cunhado de um dos trabalhadores.

Embora já tenha abandonado o trabalho de mineração nos chamados “pocitos”, um método artesanal e arriscado de extração de carvão, Huerta diz que se dedicou a isso por quase 13 anos.

Ele explica que, ao alcançar o fundo dos poços, chega-se à zona da “placa” do mineral, onde provavelmente estão localizados os trabalhadores.

“Ali, as equipes podem entrar e procurar mais rápido”, acrescenta.

Nos outros dois poços, o nível é de 3,9 e 4,7 metros, acrescentou o comando militar. O nível que as autoridades consideram ideal para acesso é de 1,5 metro.

“Vamos continuar bombeando mesmo assim, o bombeamento não vai parar. Algumas bombas vão ser substituídas (por outras menores). É um processo lento, mas não queremos correr riscos”, disse a coordenadora da Proteção Civil.

– Atividade ao redor do poço –

Na zona de resgate, observa-se atividade em torno do que parece ser o poço com menor nível de água, onde a AFP confirmou a presença de operadores e militares.

Alguns dão instruções e outros observam a área em uma aparente preparação para a eventual entrada de socorristas.

Fora do perímetro de segurança, familiares aguardavam a saída ou o telefonema de seus parentes dentro da área de operações para saber detalhes do relatório que as autoridades oferecem todas as manhãs sobre as atividades previstas para o dia.

O anúncio do governo restaura a esperança da comunidade local. Na noite de quinta-feira, um grupo de cerca de 15 mulheres chegou ao local com velas nas mãos e cantando canções religiosas.

O acidente ocorreu no dia 3 de agosto quando uma parede de uma mina inundada e abandonada desabou, causando a inundação do poço onde 15 mineiros trabalhavam. Cinco deles conseguiram escapar.

Desde então, não houve sinais de vida dos 10 trabalhadores restantes, cujo resgate envolve várias centenas de pessoas, incluindo soldados, funcionários da Proteção Civil e mineiros voluntários.