Pouco explorado e quase desconhecido no Brasil, o segmento de residência estudantil começa a atrair investidores e, segundo analistas, deve se desenvolver de forma acelerada nos próximos anos no País. Empresas do setor, como Mitre Realty e Uliving Brasil, planejam colocar à disposição de universitários pelo menos 6 mil camas até 2021.

Chamado no exterior de “student housing”, o segmento de locação para estudantes universitários é maduro nos Estados Unidos e na Europa – há inclusive fundos imobiliários exclusivos para o setor. Como está vinculado à área de educação, mais resiliente a crises, o segmento tem sido uma aposta de investidores frente a ramos tradicionais do setor imobiliário.

Um levantamento da consultoria imobiliária JLL aponta que, apenas no Reino Unido (um dos mercados mais desenvolvidos da Europa), foram investidos £ 3,2 bilhões ( R$ 12 bilhões) em 2016. Não há pesquisas sobre “student housing” no Brasil, mas analistas dizem que o potencial é grande.

“É inegável que há demanda. O segmento reúne um grupo (os estudantes) denso e com perfil muito parecido. Vai ter um momento em que o setor vai explodir, só não sei dizer quando será”, afirma o vice-presidente de investimentos da gestora HSI, Diogo Bustani, que tem estudado o potencial da área no Brasil. “Temos de entender ainda quanto podemos cobrar, qual o custo e quanto tempo levará para que os empreendimentos sejam ocupados.”

A Uliving Brasil é pioneira em São Paulo, onde tem 138 camas em operação (na capital e em Sorocaba) e deverá oferecer mais 303 até o fim do ano. A empresa tem como meta atingir 3,5 mil camas em cinco anos, um projeto que demandará aporte de R$ 100 milhões. Para alcançar o objetivo, a Uliving montou um conselho de administração, do qual faz parte Roland de Bonadona, ex-presidente da rede hoteleira Accor na América do Sul. “Há uma demanda latente no País e a participação das residências é quase inexistente”, diz Bonadona. A Uliving estuda instalar unidades em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Pernambuco, além de São Paulo, de acordo com o diretor de operações, Celso Martineli.

Até o ano passado, a empresa vinha trabalhando em parceria com a incorporadora Mitre Realty. As duas companhias, no entanto, separaram seus projetos e, agora, a Mitre projeta colocar no mercado outras 2,5 mil camas em quatro anos, com investimento de R$ 320 milhões. Para Fabricio Mitre, sócio da empresa, a crise do setor imobiliário fez com que as incorporadoras buscassem oferecer produtos diferentes, e a redução da taxa de juros torna o momento ideal para investimentos em residenciais para renda.

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A Mitre fechou parceria com a Readstone, que opera 13 mil camas para estudantes nos EUA e deverá ficar responsável pela administração dos empreendimentos no Brasil.

A incorporadora Vitacon é outra que desenvolve projeto semelhante em São Paulo. A empresa instalará um residencial próximo à ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), entidade de ensino que ficará responsável pela operação. Diferente de suas concorrentes, a Vitacon optou por permitir que não estudantes também aluguem os apartamentos. “Ter pessoas de diferentes perfis morando aumenta nossa chance de sucesso. Acredito que seja preciso uma fase de transição para tornar o prédio exclusivo a estudantes. Agora, pode não ter demanda suficiente”, diz Alexandre Frankel, presidente da Vitacon.

A Mitre estima que o aluguel do apartamento (que inclui o condomínio) para um estudante em seu primeiro empreendimento custará R$ 2.600. Segundo Fabricio Mitre, o valor é semelhante ao aluguel e condomínio de um apartamento de um dormitório na mesma região onde o empreendimento será construído. O executivo ressalta ainda que os imóveis são mobiliados e que o prédio terá sala de estudos, academia e piscina.

No residencial da Uliving que já está em operação, uma suíte individual custa R$ 2,1 mil por mês, incluindo luz, água, internet e limpeza a cada 15 dias. A cozinha é compartilhada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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