Diversos estudos mostram que, entre os fatores que podem ser controlados pela política educacional, a qualidade da formação do professor é o que faz a maior diferença na aprendizagem dos alunos. Se considerarmos os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), por exemplo, os países que estão no topo do ranking têm em comum o cuidado com a formação do professor.

O Brasil, infelizmente, tem dois grandes desafios nesta área: a baixa valorização social da carreira do magistério e a formação inadequada dada pelas nossas universidades, que não dialoga com o chão de escola, com muita teoria e pouca prática. No que se refere à formação, um dos caminhos para reverter este quadro passa pela reestruturação do atual estágio curricular. Por isso mesmo, na última semana, o Ministério da Educação (MEC) lançou uma nova política para esta atividade, ao anunciar o Programa de Residência Pedagógica (PRP).

O país tem hoje cerca de 1,5 milhão de alunos matriculados em cursos de formação de professor. Os estudos mostram que a formação pedagógica e os estágios curriculares no campo da Pedagogia e das licenciaturas diversas são registrados de modo vago, com pouquíssimas exceções. Geralmente, não há um plano de estágio a ser seguido pelo aluno e existe pouca supervisão sobre a sua prática. Os conteúdos das disciplinas aparecem apenas esporadicamente e, em geral, são abordados de forma genérica ou superficial no âmbito das disciplinas de metodologias e práticas de ensino, sugerindo frágil associação com as práticas docentes.

Por essa razão, considero extremamente importante essa iniciativa do MEC, de “mexer” com o atual estágio curricular e lançar o PRP. Mas, para não ser mais do mesmo e finalmente conseguir solucionar esses problemas históricos da ineficiência do estágio curricular na preparação do futuro professor, é preciso que o PRP seja, de fato, inovador.

Nesse sentido, será necessário certificar as escolas que servirão para esta residência pedagógica, nos moldes do programa de residência médica. Também acredito que tais escolas deveriam ser, preferencialmente, de tempo integral, com professores possuindo formação plena nas disciplinas que lecionam, e com infraestrutura e condições laboratoriais adequadas para o exercício do magistério. Portanto, criar uma Comissão Estadual para certificar tais escolas, nos moldes da Comissão Nacional de Residência Médica, deveria ser uma das iniciativas deste PRP.