Os 32 migrantes sequestrados no sábado por homens armados no norte do México, perto da fronteira com os Estados Unidos, “foram resgatados sãos e salvos”, informou o governo na quarta-feira (3).

O governador do estado de Tamaulipas, onde ocorreram os fatos, Américo Villareal, informou à emissora Milenio que os migrantes estão sob a guarda da Promotoria local para informarem detalhes do incidente.

“Percebemos que são 32 migrantes (…), são 26 venezuelanos e seis hondurenhos. São nove crianças menores de 16 anos, a mais nova delas com um ano”, detalhou.

As autoridades haviam informado inicialmente que os sequestrados eram 31 de diferentes nacionalidades. Na terça-feira, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, disse que havia “quatro colombianos” entre eles.

Jorge Cuéllar, porta-voz de segurança de Tamaulipas, disse à Milenio que um bebê de um ano viajava nos braços de sua mãe. “Ele não foi contabilizado porque não havia registro dele”, explicou.

O porta-voz do governo federal, Jesús Ramírez, afirmou na rede social X que os migrantes “já estão nas mãos das autoridades e fazem os exames médicos correspondentes”.

Ramírez publicou quatro fotografias, nas quais veem-se os supostos migrantes dentro de um ônibus. O grupo inclui duas crianças, uma deles segurando um urso de pelúcia, uma mulher e vários homens sentados em frente a policiais.

Os migrantes foram sequestrados na tarde de sábado, 30 de dezembro, quando viajavam em um ônibus pela rodovia Reynosa-Matamoros, do estado de Tamaulipas, uma das rotas usadas pelos migrantes para chegar aos Estados Unidos.

Segundo o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, o objetivo dos criminosos era extorquir os familiares dos migrantes que moravam nos Estados Unidos, afirmou ele em sua habitual conferência matinal nesta quinta-feira (4).

Os homens armados usando balaclavas pararam o ônibus em que os migrantes viajavam e os obrigaram a subir em cinco caminhonetes, informaram as autoridades na terça-feira.

Os motoristas, que foram liberados imediatamente pelos sequestradores junto a outros passageiros mexicanos, relataram o ocorrido no mesmo dia e desde sábado eram realizadas operações de buscas, da qual participam a polícia e as Forças Armadas.

Dada a mobilização de agentes por terra e por ar, os sequestradores “decidiram libertá-los”, acrescentou o presidente, dizendo que a investigação continua, quando questionado sobre a falta de presos.

“Por enquanto vamos comemorar que eles apareceram vivos” e “sãos e salvos”, continuou.

O ônibus viajava de Monterrey, Nuevo León, a Matamoros, Tamaulipas, com 36 passageiros.

Os sequestradores permitiram aos passageiros de nacionalidade mexicana e aos motoristas seguir viagem até Matamoros.

– Recorde migratório –

Com mais de 3.000 km de fronteira com os Estados Unidos, o México é um país de trânsito e retenção para migrantes, principalmente procedentes de países da América Central castigados pela violência ou pela pobreza (Honduras, Guatemala, El Salvador), do Caribe (Haiti, Cuba), ou da Venezuela, que enfrentam as políticas restritivas dos Estados Unidos.

A fronteira entre os Estados Unidos e o México foi a “rota migratória terrestre mais perigosa do mundo” em 2022, com 686 mortos ou desaparecidos, segundo informe da Organização Internacional para as Migrações (OIM), publicado em setembro do ano passado.

Quase metade (307) destes óbitos na fronteira estiveram vinculados com as travessias perigosas dos desertos de Sonora e Chihuahua.

As migrações aos Estados Unidos atingiram um número recorde no ano passado. Segundo a patrulha fronteiriça americana, entre outubro e setembro de 2023, foram registrados 2,4 milhões de acessos de migrantes pela fronteira sul dos Estados Unidos, um recorde.

Na quarta-feira passada, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, visitou a Cidade do México, onde se reuniu com o presidente mexicano para abordar o tema migratório.

Uma caravana com cerca de 6.800 migrantes, que saiu de Tapachula (Chiapas, sul) rumo aos Estados Unidos em 24 de dezembro, desintegrou-se na terça-feira depois que as autoridades migratórias mexicanas se ofereceram para atender seus casos.

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