Os republicanos fizeram na terça-feira (24) a quarta escolha em duas semanas para substituir o presidente destituído da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, o que ressalta o caos que tomou conta do partido, fragmentado depois que três candidatos não conseguiram votos para assumir o posto.

Mike Johnson, deputado da Louisiana, venceu uma votação interna do partido, anunciou a presidente da Conferência, Elise Stefanik.

A Câmara de Representantes está paralisada desde a destituição, em 3 de outubro, do presidente anterior, Kevin McCarthy, vítima de uma rebelião de partidários do ex-presidente Donald Trump.

Em uma tentativa de acabar com a crise, na terça-feira os republicanos, que têm maioria na Câmara, nomearam Tom Emmer, o nome mais moderado dos que apresentaram candidaturas ao cargo, mas ele, consciente das dúvidas de alguns trumpistas a apoiá-lo em uma sessão plenária, preferiu renunciar após algumas horas.

O Congresso americano, supostamente um dos mais influentes do mundo, não vota nenhum projeto de lei desde 3 de outubro.

E tudo isso em um cenário de grande tensão: os congressistas têm prazo até 17 de novembro para alcançar um acordo sobre um orçamento se desejam o a paralisação parcial da administração federal dos Estados Unidos, o que obrigaria centenas de milhares de trabalhadores a permanecerem temporariamente em casa sem direito a salário.

No cenário internacional, o Congresso tem duas questões pendentes.

Sem um presidente, a Câmara de Representantes não pode votar o pedido do presidente Joe Biden para desbloquear mais de 100 bilhões de dólares em fundos de emergência, em particular para ajuda militar a Israel e Ucrânia.

“Esta é provavelmente uma das coisas mais vergonhosas que já vi”, declarou no domingo ao canal ABC News o líder do comitê republicano das Relações Exteriores, Michael McCaul.

“Porque se não temos um presidente da Câmara, não podemos governar. E a cada dia que passa, estamos basicamente fechados como governo”, acrescentou.

Tudo parece indicar que Johnson será afetado pelas mesmas divisões internas que deixaram o partido incapaz de unir-se ao redor de apenas um líder.

Nenhum dos candidatos que disputaram a nomeação na terça-feira tinha muita experiência em liderança. Emmer é apoiador de Trump, mas alguns trumpistas o consideram desleal, por ter votado a favor da certificação da vitória de Biden nas eleições de 2020.

Apenas 117 colegas votaram em Emmer na rodada final de hoje, destacou a imprensa americana. Outros 97 preferiram Mike Johnson.

O caminho que o partido seguirá é incerto. Tirará da cartola um nome sobre o qual seus membros poderiam chegar a um consenso? Ou os democratas, que controlam o Senado, fecharão um acordo com alguns republicanos moderados, uma opção que parece improvável?

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