A República Dominicana manifestou nesta quinta-feira (9) estar “perplexa” com a posição do Haiti em relação à manifestação de um grupo de haitianos ocorrida esta semana na fronteira comum, pedindo a retirada de militares dominicanos na área.

“Ficamos perplexos” com as declarações do Haiti que “incluem supostas violações do espaço haitiano, tanto aéreo quanto terrestre”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores dominicano em um comunicado, rejeitando “veementemente” as acusações.

“Está confirmado que os eventos em questão foram iniciados por cidadãos haitianos que invadiram o território dominicano escavando uma vala em solo dominicano com o propósito de impedir as operações das patrulhas fronteiriças”, continuou o comunicado.

Na terça-feira, dezenas de haitianos protestaram contra as patrulhas do Exército dominicano que circulam na fronteira que ambos os países compartilham. O grupo queimou pneus e tentou bloquear a estrada que atravessa a fronteira, onde, muito perto, a República Dominicana está construindo um muro para controlar a migração irregular.

As autoridades dominicanas disseram na ocasião que o grupo havia tido “uma aparente má interpretação” dos limites fronteiriços e destacaram que a área onde estavam os militares pertence ao território dominicano. Lembraram que o muro está sendo construído dentro do território dominicano, deixando uma faixa de terra dominicana fora do muro para permitir o patrulhamento militar.

No entanto, o Ministério das Relações Exteriores do Haiti denunciou na quarta-feira que “soldados dominicanos, apoiados por veículos blindados e um helicóptero, violaram (…) o território haitiano”.

A situação levou os chanceleres dos dois países, o haitiano Jean Victor Geneus e o dominicano Roberto Álvarez, a conversarem sobre o ocorrido, de acordo com um comunicado do Haiti, e “concordaram (…) em acalmar as tensões para evitar qualquer escalada”.

Ambos os países mantêm relações tensas devido à imigração e à instalação de um muro de 174 quilômetros pela República Dominicana. A tensão também aumentou nos últimos meses com a construção, por parte de operadores privados haitianos, de um canal que extrai água do rio binacional Dajabón, também conhecido como Massacre.

Em retaliação, a República Dominicana fechou parcialmente a fronteira com o Haiti, permitindo apenas o comércio de bens essenciais.

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