República Dominicana autoriza EUA a usar aeroporto, em meio a ação contra o narcotráfico

A República Dominicana autorizou nesta quarta-feira (26) os Estados Unidos a usar seu principal aeroporto e uma base aérea para operações de logística, em meio a um destacamento militar contra o narcotráfico no Caribe.

O presidente Luis Abinader fez o anúncio juntamente com o chefe do Pentágono, Pete Hegseth, que chegou hoje ao país para conversar sobre a operação contra o narcotráfico conduzida por seu país perto da costa venezuelana, que Caracas denuncia como um pretexto para derrubar o presidente Nicolás Maduro e tomar os recursos naturais da Venezuela.

“Concordamos com os Estados Unidos em ampliar temporariamente a cooperação para reforçar a vigilância aérea e marítima contra o narcotráfico”, disse Abinader, após se reunir com Hegseth. “Nesse contexto, anuncio ao país que autorizamos os Estados Unidos, por um prazo limitado, a usar espaços restritos na base aérea de San Isidro e no Aeroporto Internacional Las Américas para a operação logística de aviões de reabastecimento de combustível, transporte de equipamentos e pessoal técnico.”

Os Estados Unidos enviaram ao Caribe o maior porta-aviões do mundo e posicionaram navios de guerra e aviões de combate na região, sob o argumento de combater o tráfico de drogas. A operação teve início em agosto, após a Casa Branca acusar Maduro de liderar o Cartel de los Soles, classificado nesta semana como uma organização terrorista. O presidente venezuelano nega as acusações.

– ‘Força e rapidez’ –

Desde setembro, os Estados Unidos atacaram cerca de 20 lanchas de supostos narcotraficantes, o que causou a morte de 83 pessoas.

“Quero que aqueles que observam a explosão das embarcações narcoterroristas entendam que levamos esta missão muito a sério”, disse Hegseth. “Contamos com a melhor inteligência, os melhores advogados e o melhor processo para entender, dentro dessas redes, de onde vêm, para onde vão, o que transportam e quais são suas intenções.”

O chefe do Pentágono afirmou que os Estados Unidos estão prontos para “passar à ofensiva” e “mudar a dinâmica de toda a região”. “Devemos enfrentar os narcoterroristas e suas atividades ilegais com força e rapidez. Esta é a única linguagem que eles entendem: força e ação rápida.”

Nem Abinader nem Hegseth mencionaram a Venezuela em suas declarações. A visita deste último a Santo Domingo acontece após a do chefe do Estado-Maior dos Estados Unidos a Trinidad e Tobago, outro aliado americano na luta contra o narcotráfico. A premier Kamla Persad-Bissessar afirmou ontem que a Venezuela não foi citada em sua conversa com o americano.

– ‘Extinção do direito internacional’ –

O presidente Donald Trump envia sinais contraditórios sobre a possibilidade de ataques em território venezuelano. Embora tenha anunciado que autorizou operações secretas da CIA na Venezuela, também afirmou que está disposto a dialogar com Maduro.

Especialistas questionam a legalidade dos ataques realizados pelos Estados Unidos no Caribe. “Estamos às portas da extinção absoluta do direito internacional, produto dessas ações à margem da lei”, criticou o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab. “Já na primeira ação” o Conselho de Segurança da ONU deveria ter evitado “que isso continue ocorrendo”.

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