Os Estados Unidos e os talibãs realizaram “excelentes progressos” na última rodada para um acordo de paz e, Doha, informou nesta segunda-feira (5) o enviado especial de Washington para o Afeganistão.
Representantes do governo americano e dos talibãs entraram no terceiro dia de negociações sobre um acordo pelo qual os Estados Unidos reduziria sua presença militar no Afeganistão em troca de um compromisso dos insurgentes afegãos de romper relações com a Al-Qaeda.
“Após excelentes progressos em Cabul na semana passada, passei os últimos dias em Doha, concentrando-me nas questões pendentes para estabelecer um potencial acordo com os talibãs”, postou no Twitter o emissário americano para o Afeganistão, Zalmay Khalilzad.
O estabelecimento de um acordo “permitiria uma retirada das tropas, baseada em condições”, escreveu, acrescentando que “realizamos excelentes progressos”.
A AFP tentou entrar em contato com os talibãs, mas não obteve retorno com comentários sobre as declarações do enviado dos Estados Unidos.
Khalilzad informou que vai a Nova Delhi “para reuniões já programadas, e assim obter um consenso internacional que apoie o processo de paz afegão”.
Washington espera concluir um acordo até as eleições presidenciais afegãs, programadas para 28 de setembro de 2020.
Mas, mesmo se houver algum acordo entre as duas partes, restam ainda diversas questões cruciais que precisam ser solucionadas.
Washington alega que qualquer redução de tropas será “baseada em condições”, enquanto os talibãs insistem em uma retirada completa das forças estrangeiras antes de considerarem o respeito a seus compromissos.
Os talibãs também precisam chegar a um acordo com o governo do presidente afegão, Ashraf Ghani, que consideram ilegítimo.
Um acordo entre Washington e os talibãs abriria o caminho para um diálogo “interafegão” entre os insurgentes e uma delegação governamental.
Até o momento, os talibãs se negaram a discutir com o governo, com exceção de uma recente reunião em Doha, da qual participaram representantes governamentais “a título pessoal”.
Com a ajuda de aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o governo dos Estados Unidos iniciou uma operação militar no Afeganistão em 7 de outubro de 2001, menos de um mês depois de sofrer os atentados de 11 de Setembro. O objetivo era atacar a Al-Qaeda e seu líder Osama bin Laden, que recebiam abrigo dos talibãs.
Expulsos do poder por esta intervenção, os talibãs lideram desde então uma violenta insurreição no país.
Apenas em julho passado, 1.500 civis foram mortos ou feridos, fato considerado inaceitável pela missão da ONU.