Ouça o relato da repórter Rachel Costa, que está no Fórum de Santana, onde ocorre o julgamento do casal Nardoni (25/03/22010, 20h30)
 
 
 
 

Ouça o relato da repórter Rachel Costa, que está no Fórum de Santana, onde ocorre o julgamento do casal Nardoni (25/03/2010, 16h50)
 

Ouça o relato da repórter Rachel Costa, que está no Fórum de Santana, onde ocorre o julgamento do casal Nardoni (25/03/2010, 12h45)

 

 

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O advogado criminalista Roberto Podval, que defende o casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, desistiu nesta tarde da acareação entre os réus e Ana Carolina de Oliveira. A mãe de Isabella está retida no Fórum de Santana, na zona norte de São Paulo, desde segunda-feira.

A decisão foi tomada durante o interrogatório de Anna Carolina Jatobá, a madrasta. Podval ainda não explicou por que abriu mão do recurso, que havia sido autorizado pelo juiz. Neste início de noite, Anna Carolina Jatobá está sendo interrogada pelo promotor Francisco Cembranelli.

No depoimento, a madrasta revelou que viu o marido tirando a chave para abrir a porta do apartamento – o que contradiz a versão sustentada até então pela defesa de que a porta havia sido aberta por uma terceira pessoa – e que observou Alexandre colocando a cabeça para fora da tela de proteção rasgada, para ver Isabella caída no jardim.

O interrogatório de Anna Carolina Jatobá começou às 16h25, cinco minutos após Alexandre Nardoni deixar o plenário. Logo no início da sessão, quando o juiz Maurício Fossen lia as acusações contra ela, a madrasta de Isabella caiu em prantos.

Assim como Alexandre, Anna Carolina começou seu depoimento negando as acusações contra ela. A madrasta de Isabella ressaltou que tinha uma "boa relação" com a enteada, o que, segundo ela, era de conhecimento da mãe, Ana Carolina de Oliveira. A ré lembrou que na semana do crime a menina chegou a pedir a mãe para que ficasse com a madrasta.

Nervosa, Anna Carolina falava rápido e o juiz teve de pedir que relatasse os fatos pausadamente, com menos detalhes. A ré começou o depoimento sendo interrogada pelo juiz e, em seguida, será ouvida pela acusação e pela defesa.

Depoimento de Alexandre

A segunda parte do interrogatório de Alexandre Nardoni no quarto dia de julgamento do caso Isabella foi marcada pelo conflito entre o réu e o promotor Francisco Cembranelli. Nardoni tentava responder de forma monossilábica, e na maior parte das vezes dizia não se lembrar de detalhes, inclusive sobre aqueles que já tinha citado em depoimentos anteriores. Em algumas partes, o pai de Isabella enfrentou o promotor: "Não coloque palavras na minha boca". Outras vezes, dizia para a acusação: "Isso não tem pertinência". O juiz interveio. "O senhor responda a pergunta, se eu achar impertinente, indefiro", disse Maurício Fossen.

Um dos maiores embates se deu quando o promotor perguntou por que Nardoni não socorreu a filha quando chegou ao térreo e não havia ninguém em volta da menina. "Não sei dizer. Porque ela estava no chão naquele momento. Quando eu cai em si (sic), o seu Lúcio (vizinho) dizia para não mexer nela", disse Alexandre ao relembrar a noite do dia 29 de março de 2008. O réu respondia às perguntas de forma nervosa e evasiva. A defesa usava a estratégia de perguntar ao promotor em que página do processo estavam as afirmações que ele usava para interrogar Nardoni. O promotor rebateu dizendo que isso era feito para dar tempo do réu pensar. No final, Cembranelli começava a dizer a página em que se baseava antes de perguntar.

Em outro momento, quando perguntado por que não falou com Anna Carolina Jatobá, sua esposa, após a morte de Isabella, respondeu: "A situação era embaraçosa, eu tinha perdido o chão. Não sabia nem que rumo tomava. Havia perdido a coisa mais valiosa que eu tinha." Ele voltou a dizer que foi agredido verbalmente por policiais. A promotoria, então, perguntou por que ele nunca relatou isso em interrogatórios, indagando especialmente por que ele nunca havia revelado a proposta de livrar em Jatobá, que o réu disse ter recebido. "Não me recordo", limitou-se a dizer.

Outro ponto em que o clima do interrogatório esquentou foi quando Cembranelli perguntou por que o réu estava usando óculos: "Eu nunca vi o senhor de óculos, começou a usar agora?". Nardoni respondeu: "o senhor não me conhece". Foi a vez do juiz intervir e pedir para ele responder a pergunta – o réu disse apenas que não enxergava bem de longe. "A ponto de não sair lágrima quando chora?", provocou o promotor. O juiz, então, voltou a se manifestar, pedindo ordem. A sessão entrou em recesso para almoço por volta das 13h35. Na volta, Nardoni será interrogado pela defesa.

Primeira parte
 
Desde o início do depoimento, Alexandre Nardoni já chorou pelo menos quatro vezes em seu depoimento no quarto dia de julgamento do caso Isabella, que está sendo realizado no Fórum de Santana, no bairro Limão, zona norte de São Paulo. Ele negou ter matado a filha e disse que é falsa a informação de que teria alterado o local do crime. Alexandre destacou que a versão apresentada contra ele "não existe e é mentirosa".

Ao contar seu lado para o magistrado, Alexandre lembrou um episódio a respeito da filha. Segundo ele, ao chegar na Santa Casa recebeu da médica a notícia de que Isabella havia morrido. Quando chegou perto da maca e viu a criança, disse que começou a repensar vários fatos de sua vida. Um deles era a luta que havia travado para que a mãe concebesse Isabella. "Briguei com a mãe de Ana Carolina de Oliveira porque ela queria que a criança fosse abortada", disse.

Neste momento o avô materno de Isabella, o comerciante José Arcanjo de Oliveira, deu risada diante da afirmação e se mostrou alterado. Ele foi contido pelo filho Leonardo, um dos irmãos de Ana Carolina Oliveira.

Alexandre lembrou também que no dia seguinte ao crime esteve no 9º Distrito Policial a pedido da delegada Renata Pontes – que prestou depoimento na terça-feira. O réu conta que foi levado para uma sala isolada e colocado em uma cadeira. Ali, foi cercado por investigadores e enfrentou uma sessão de xingamentos.

"Reclamei com o delegado Calixto Calil, mas ele também me disse palavras de baixo calão. Todos ali bateram na mesa, jogaram copos e garrafas em cima de mim, e uma lixeira. Eu não entendia por que estavam fazendo aquilo comigo."

Relacionamento

Em um dos trechos do depoimento, o juiz questionou Alexandre sobre seu relacionamento com Anna Carolina Jatobá. Ele respondeu que os dois viviam muito bem e que passaram por discussões como qualquer casal. Fossen, então, pediu para saber como seriam essas discussões. "Coisas bobas, como eu querer jogar futebol e ela achar que aquela hora não é correta", explicou.

O magistrado perguntou se eles costumam se xingar. "Eu nunca xinguei minha esposa. Ela acho que algumas vezes me xingou, não lembro. Mas ela tem a voz tão alta que as pessoas acham que ela está brigando."

Mãe

Antes de começar o julgamento, por volta de 10h40, a mãe do réu, Maria Aparecida Nardoni, se aproximou da bancada com a filha Cristiane e pediu para Alexandre olhar para elas. Maria Aparecida bateu no peito, segurando um terço, e chorou. No mesmo instante, Alexandre olhou para a mãe e também se emocionou.

Em seguida, quando começou a sessão, Maria Aparecida foi retirada da sala pelo marido, Antônio Nardoni, por não conseguir segurar o choro. Ao meio dia, o réu começou a ser interrogado pelo promotor Francisco Cembranelli. Depois, será a vez da defesa. Anna Carolina Jatobá deve ser interrogada em seguida.

Chegada

Os veículos que fazem as escoltas de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá chegaram por volta das 8h35 de hoje ao Fórum de Santana, na zona norte de São Paulo, para o quarto dia de julgamento do caso Isabella. Como vem acontecendo nos outros dias, os veículos entraram pela lateral do prédio, na entrada da base da Polícia Militar (PM).

A escolta de Anna Carolina foi a primeira a chegar, vinda da Penitenciária Feminina do Carandiru. Já os veículos que transportam Alexandre demoraram um pouco mais, pois enfrentaram um congestionamento de mais de três quilômetros na Marginal do Tietê. Nardoni passou mais uma noite no Centro de Detenção Provisória de Pinheiros, na zona oeste da capital paulista.

A menina Isabella Nardoni, de 5 anos, foi estrangulada e jogada do 6º andar do Edifício London, onde moravam o pai e a madrasta, Alexandre e Anna Carolina. Os dois são acusados de homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima. Eles alegam inocência.

Leia mais:

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