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A repórter Jaqueline Mendes mostra a expectativa de populares em frente ao Fórum de Santana e conversa com a jornalista Rachel Costa sobre as perspectivas a respeito dos próximos dias do julgamento
 

 

Ouça o relato da repórter Jaqueline Mendes, que está no Fórum de Santana, onde ocorre o julgamento do casal Nardoni (24/03/2010, 10h)
 

Ouça o relato da repórter Rachel Costa, que está no Fórum de Santana, onde ocorre o julgamento do casal Nardoni (24/03/2010, 12h20)
 

Ouça o relato da repórter Rachel Costa, que está no Fórum de Santana, onde ocorre o julgamento do casal Nardoni (24/03/2010, 17h10)
 

Ouça o relato da repórter Rachel Costa, que está no Fórum de Santana, onde ocorre o julgamento do casal Nardoni (24/03/2010, 20h20)
 

 

O julgamento do caso Isabella deve se reiniciar nesta quinta-feira com a retomada do interrogatório dos réus Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá. Os depoimentos estavam previstos para serem tomados desde ontem à noite, mas a sessão foi suspensa por volta das 20h.

Antes, o Tribunal Justiça de São Paulo (TJ-SP) informou que os advogados de defesa de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá pediram uma acareação entre a mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira, e os réus. Ana Oliveira é testemunha do caso, prestou depoimento na segunda-feira e está retida no Fórum de Santana por pedido da defesa do casal. Depois de negado, o pedido de acareação foi aprovado pelo juiz Maurício Fossen, que preside o júri.

Desde o início da manhã e até o começo da tarde, a perita do Instituto de Criminalística (IC) de São Paulo Rosângela Monteiro, que depôs no julgamento, afirmou que o homem que serviu de modelo para que o IC fizesse o teste para a perícia do caso era muito parecido fisicamente com o pai da vítima. A perita foi questionada com insistência pelo advogado de defesa dos réus, Roberto Podval, sobre a consistência dos indícios colhidos no local do crime.

O modelo foi usado em experimento do IC para verificar como teriam sido produzidas marcas de poeira na camiseta que Alexandre usava na noite do assassinato. Rosângela afirmou que, com o uso de um modelo de mesma altura e peso do réu, concluiu que as marcas foram deixadas pela pressão do corpo dele contra a tela de proteção da janela por onde a menina foi jogada.

Quando o advogado de defesa dos réus perguntou a Rosângela se o resultado no teste do IC seria o mesmo se o modelo tivesse ombros de largura diferente aos de Alexandre, a perita disse que o IC escolheu para a simulação um homem semelhante ao réu para não comprometer o resultado.

"Agora, observando o réu de perto, vejo que ele guarda bastante semelhança com o modelo, inclusive na ossatura", disse a perita. "Na época, eu não tinha visto Alexandre de perto." A fala de Rosângela provocou um burburinho e alguns risos na plateia. O réu levantou a cabeça e olhou para o público com expressão de estranhamento.

Rosângela reiterou à defesa que o local do crime foi preservado pela Polícia Militar (PM), que os testes periciais foram feitos com rigor e que havia sangue de Isabella na cadeirinha de bebê do carro de Alexandre Nardoni.

Podval foi interrompido pelo juiz Maurício Fossen quatro vezes. Três delas por perguntar a testemunha questões já respondidas durante o depoimento e uma por estar levantando hipóteses sobre o laudo pericial.

A delegada Renata Pontes estava desde ontem à disposição no Fórum e foi dispensada hoje, pouco antes das 17h, pela defesa.

Depoimentos

Depois de mais de seis horas, terminou às 16h42 o depoimento da perita do Instituto de Criminalística (IC) Rosângela Monteiro no julgamento do assassinato da menina Isabella Nardoni. Em seguida, o juiz Maurício Fossen anunciou a dispensa de seis testemunhas de defesa, a pedido do advogado dos réus, Roberto Podval. Foram dispensados o pedreiro Gabriel Santos Neto, os peritos do IC Márcia Casagrande, Sérgio Ferreira e Mônica Catarino e os médicos legistas Carlos Cuoco e Laércio Cesar.

Rosângela depôs pela defesa e pela acusação. A primeira testemunha de defesa ouvida depois da perícia foi Às 17h35, começou a ser ouvido
Em seu depoimento a perita Rosângela Monteiro disse que as marcas de poeira na camiseta do réu Alexandre Nardoni só podem ter sido causadas pela pressão de seu corpo contra a tela que protegia a janela por onde o corpo da menina Isabella Nardoni foi jogado. Segundo a perita, testes feitos com a tela original e com um modelo da mesma altura e peso de Alexandre comprovaram que as marcas só ficariam impressas na roupa se a pessoa estivesse segurando um peso de, no mínimo, 25 quilos.

"As marcas não foram produzidas por alguém que simplesmente passou a cabeça pela tela", afirmou Rosângela ao júri. A perita está sendo ouvida pelo juiz Maurício Fossen e pelos sete jurados desde as 10h30 de hoje. Às 13h12, o juiz interrompeu a sessão para um intervalo de uma hora. Assim que o julgamento for retomado, Rosângela será questionada pelo advogado dos réus, Roberto Podval.
Rosângela coordenou a perícia feita no apartamento do casal Nardoni, onde Isabella foi morta em março de 2008. A perita é testemunha tanto da acusação como da defesa no processo. Na primeira parte de seu depoimento, ela foi questionada pelo promotor do caso, Francisco Cembranelli. Rosângela falou sobre a análise feita pela Polícia Científica em uma fralda encontrada dentro de um balde com água no apartamento dos Nardoni.

"Havia dezenas de roupas sujas pelo apartamento, a máquina de lavar estava vazia, então a fralda no balde chamou a atenção, pois estava fora de contexto", disse ao juiz. De acordo com a perita, a fralda tinha duas ou três manchas acastanhadas que, a partir de exame, comprovou-se serem de sangue humano. "A fralda foi usada dobrada para tamponar um sangramento. É possível concluir isso pelo desenho da mancha na fralda", disse a testemunha.

Perguntada por Cembranelli se havia a possibilidade de o reagente usado no teste provocar um resultado falso, Rosângela explicou que é possível, mas que o erro costuma ser detectado por um perito experiente. Segundo ela, pela intensidade e duração da luz emitida pela mancha durante o exame, a amostra era sangue.

Cena do crime

O promotor questionou ainda a perita sobre a reprodução simulada do crime, feita no Edifício Residencial London. A testemunha explicou que os procedimentos naquele momento eram "meramente ilustrativos" e que não havia necessidade de arremessar a boneca, que representava Isabella, pela janela ou reproduzir o corte na tela de proteção, igual ao feito pela pessoa que jogou a menina.

"Se eu tivesse o corpo da vitima à disposição para a reprodução simulada, e o jogasse da janela, ele cairia cada vez de uma forma diferente. Isso não prova nada", explicou a perita. "Nunca foi procedimento pericial arremessar objetos para ver a trajetória da queda", emendou.

A perita reafirmou que na cadeirinha de bebê do carro de Alexandre foi encontrado material genético de Isabella e de um dos filhos do casal. O material, explicou a perita, não é necessariamente sangue, mas pode ser, por exemplo, saliva ou vômito.
Antes de o juiz conceder o intervalo da sessão, Rosângela confirmou à assistente de acusação, Cristina Leite, que do prédio localizado ao lado do London seria perfeitamente possível escutar uma eventual discussão ocorrida no apartamento em que ocorreu o crime. Moradores do edifício vizinho ao London disseram na época do crime, em depoimento à polícia, terem ouvido uma briga no apartamento dos Nardoni na noite do assassinato.

Réus

Durante as explicações, Rosângela mostrava aos jurados, sob a orientação do promotor do caso, fotos dos objetos a que se referia, como a fralda e as manchas de sangue encontradas no apartamento. Imagens dos testes com a tela de proteção, feitas no IC, foram mostradas em um telão. Alexandre Nardoni, que estava sentado à direita do telão, esticou-se para ver a apresentação, acompanhando atentamente cada palavra de Rosângela. O réu chamou duas vezes o assistente de defesa durante o depoimento da perita.

Já Anna Carolina Jatobá, sentada ao lado de Alexandre, permaneceu a maior parte do tempo recostada na cadeira. Quando Rosângela Monteiro afirmou que as marcas da tela de proteção na camiseta de Alexandre só poderiam ter sido causadas por alguém que tivesse inclinado na janela para jogar a menina, Anna Jatobá encarou a perita.

Alexandre veste camiseta verde clara, calça jeans, tênis preto e óculos de grau. Anna Carolina está de blusa rosa claro, calça jeans preta e sapatilhas lilás, com as unhas pintadas de branco. A ré está com o cabelo preso em um rabo de cavalo.

Pela metade

Pela manhã, o advogado do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, Roberto Podval, disse que pretende terminar hoje de ouvir as testemunhas do caso Isabella. O defensor pretende dispensar metade das testemunhas.

"Quero reduzir este andamento. Hoje são oito testemunhas. Eu quero diminuir isso pela metade", disse ele, ao chegar ao Fórum de Santana, na zona norte da capital paulista, para o terceiro dia do julgamento. Segundo informações do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), faltam ser ouvidas 11 testemunhas.

Questionado sobre quem dispensaria de falar ao júri, Podval respondeu: "Não tenho a testemunha imprescindível. Preciso ver o andamento do júri para saber o que preciso provar." O advogado contou ainda não ter definido quando vai liberar a mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira, e a delegada do caso, Renata Pontes.

As duas estão retidas no fórum pois podem ser chamadas novamente ao júri para que a defesa confronte a versão delas com a de outras testemunhas. "A delegada baseou seu depoimento nas conclusões da perícia. Se algo do que ela disse não bater com o que os peritos disserem hoje, ela vai ter que explicar de onde tirou a informação", afirmou Podval. Ontem, em seu depoimento, Renata Pontes afirmou que só indiciou Alexandre e Anna Carolina Jatobá porque tem 100% de certeza que eles cometeram o crime".

Senhas informais

Cerca de 50 populares aguardavam às 8h30 em fila, em frente ao Fórum de Santana, uma chance de assistir ao julgamento. Houve quem tivesse chegado às 3h30 para garantir um dos assentos reservados ao público. Para evitar os fura-filas, que deram trabalho nos dois primeiros dias, eles decidiram distribuir uma senha extraoficial de acesso ao tribunal.

A ideia partiu da universitária Nina Paula Dias Leopoldo, de 32 anos, que chegou hoje ao fórum às 5h20. "Ontem cheguei cedo e não consegui entrar, enquanto gente que nem estava na fila entrou", disse a estudante de pedagogia, moradora da zona norte da cidade. Foram distribuídas a quem chegava 46 senhas escritas a caneta em pedaços de papel.

Nina Paula está com a senha de número 12 e esperançosa em conseguir acompanhar o julgamento. "Pretendo me especializar em direito da infância e, além disso, sou mãe de dois filhos pequenos. Quero olhar nos olhos de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá para ver se há culpa."

A retomada do julgamento começou às 10h16 horas, com o depoimento da perita do Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo, Rosângela Monteiro. Desde segunda-feira, quando começou o júri, foram ouvidas quatro testemunhas: a mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira, a delegada Renata Pontes, o médico-legista Paulo Sérgio Tieppo e o perito criminal Luiz Eduardo Dória.

Chegadas dos réus

Anna Carolina Jatobá chegou por volta das 8h37 de hoje ao Fórum de Santana. O veículo que fez o transporte da acusada de matar a menina no dia 29 de março de 2008 – junto com Alexandre Nardoni – entrou novamente pela lateral do prédio, assim como nos dois primeiros dias de sessão.

Anna Carolina saiu por volta das 8h15 da Penitenciária Feminina do Carandiru, na zona norte da cidade, onde pernoitou.
Alexandre Nardoni entrou no prédio onde o casal está sendo julgado pouco antes das 9 horas, horário previsto para o início do terceiro dia de julgamento. Por volta das 8h43 chegou ao local o advogado tributarista Antônio Nardoni, pai de Alexandre, acompanhado da irmã do réu, Cristiane.

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