Ouça o relato do editor-executivo Antonio Carlos Prado, que está no Fórum de Santana (23/03/2010, 20h30)
 

Ouça o relato da repórter Rachel Costa, que está no Fórum de Santana, onde acontece o julgamento do casal Nardoni (23/03/2010, 20h)
 

Ouça o relato da repórter Rachel Costa, que está no Fórum de Santana, onde acontece o julgamento do casal Nardoni (23/03/2010, 12h45)
 

Ouça o relato da repórter Rachel Costa, que está no Fórum de Santana, onde ocorre o julgamento do casal Nardoni (23/03/2010, 10h00)
 

nardoni_reportagem.jpg

 

O depoimento do médico legista Paulo Sérgio Tieppo Alves, testemunha convocada pela acusação e defesa no julgamento de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, durou três horas. Durante o interrogatório do perito que examinou Isabella, a promotoria se esforçou para mostrar que a menina foi asfixiada antes de morrer. Segundo a acusação, ela possuía "todos os indícios" de asfixia. Dessa forma, quando caiu da janela, já estaria praticamente morta.

O médico explicou os ferimentos sofridos pela menina e separou as lesões em três grupos principais: as inerentes à asfixia, à queda sentada (Isabella teria sido atirada no chão antes de ser jogada no jardim) e à queda da janela. Durante seu depoimento, o legista usou um vocabulário técnico, detalhando cada lesão que encontrou ao examinar o corpo da vítima.

A avó de Isabella Nardoni, Rosa Maria Cunha de Oliveira, saiu duas vezes da sala do júri. Nas ocasiões em que se emocionou, o médico legista Paulo Sérgio Tieppo Alves, mostrava as fotos dos ferimentos encontrados no corpo de Isabella. A avó materna estava acompanhada do marido.

Durante o depoimento do médico, o promotor Francisco Cembranelli perguntou se os ferimentos no corpo de Isabella poderiam ter sido causados por alguma manobra de ressuscitação feita na noite do crime. O médico afirmou que isso seria impossível, pois os ferimentos em Isabella eram mais graves.

Durante as investigações sobre a morte de Isabella, a defesa chegou a atribuir as lesões no corpo da menina às manobras de ressuscitação feitas pelos técnico do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).

Por volta das 18h50, os jurados começaram a ouvir o depoimento do perito baiano Luiz Eduardo Carvalho Doria, testemunha surpresa da acusação. O depoimento foi concluído às 19h35 e o perito tentou tirar dúvidas a respeito das supostas manchas de sangue encontradas no carro da família e no apartamento do edifício London. A perita Rosângela Monteiro deve ser a primeira a ser ouvida amanhã, terceiro dia de julgamento.

Apoio de mãe

A autora de novelas Gloria Perez esteve na plateia do Fórum de Santana acompanhando o julgamento desde às 14h. Ela acompanhou a sessão durante dois depoimentos. "O carnaval que a defesa está tentando fazer está caindo por terra", analisou. "O último depoimento (do legista Paulo Sérgio Tieppo Alves) foi demolidor."

Ela também afirmou que o depoimento da delegada Renata Pontes "foi muito bom", e que a testemunha estava muito segura.

Gloria disse que veio prestar solidariedade à avó de Isabella, Rosa Maria Cunha de Oliveira, e que acompanha a história como mãe.

Renata Pontes afirma "ter certeza" de que casal Nardoni matou Isabella

A delegada do 9.º Distrito Policial (DP), Renata Helena da Silva Pontes, afirmou, em depoimento no Fórum de Santana, na zona norte de São Paulo, que já esteve em 136 locais de crime em sua carreira e que só indiciou Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá porque "tem 100% de certeza que eles cometeram o crime". A delegada é a primeira a depor hoje no segundo dia do julgamento do casal acusado de matar Isabella, filha de Alexandre, no dia 29 de março de 2008.

No depoimento, o promotor Francisco Cembranelli pediu para que a delegada relatasse onde havia marcas de sangue visíveis no apartamento dos Nardonis. Ela respondeu que elas estavam na entrada do apartamento e no lençol do quarto dos filhos do casal. O restante das manchas – encontradas no carro e perto do sofá – só foram visíveis com o uso de reagente químico.

A promotoria tem à disposição duas maquetes: uma do apartamento e uma do Edifício London, onde ocorreu o crime. Por enquanto, eles têm usado a maquete do apartamento no sexto andar para que a delegada relate como foi feito o trabalho lá dentro na época da investigação. Os jurados ficam em pé em seus lugares, observado a explicação da delegada. Além dela, mais três testemunhas estão previstas para serem ouvidas hoje.

A delegada também afirmou que Alexandre Nardoni questionou o trabalho da perícia desde a noite do crime. Renata disse que esteve presente no prédio onde o casal Nardoni morava, na noite do crime, e que não encontrou com Alexandre ao chegar no local. A delegada, então, conversou com seis moradores do condomínio que disseram que o pai de Isabella havia informado que o apartamento tinha sido arrombado. Depois, Alexandre chegou ao prédio acompanhado do pai, Antônio Nardoni, e questionou o trabalho feito pela polícia. Ele teria perguntado: "Já prenderam o ladrão? Já pegaram as impressões digitais?".

A delegada relatou ainda que embora Alexandre tenha afirmado que o apartamento tivesse sido invadido, ele não contou isso à polícia quando prestou depoimento. Na ocasião, ele disse que alguém teria usado uma cópia da chave para entrar no apartamento. Pontes destacou que os legistas constataram que Isabella sofreu asfixia por esganadura e que ela tinha um ferimento na testa, sendo que nenhum desses ferimentos foi proveniente da queda que ela sofreu do 6º andar.

O juiz Maurício Fossen perguntou se podia dispensar Renata, mas o advogado de defesa do casal, Roberto Podval, disse que ela precisaria ficar à disposição da Justiça. A delegada não poderá deixar o Fórum pelo menos até os depoimentos dos peritos. Além da delegada, a mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira, também está à disposição da Justiça. O depoimento de Renata durou quatro horas e terminou às 14h10, quando os trabalhos do julgamento foram suspensos para almoço. Por volta das 13h30, a novelista Gloria Pérez, da TV Globo, entrou no plenário.

Defesa

O criminalista Roberto Podval, advogado de defesa do casal Nardoni – acusado de matar a menina Isabella no dia 29 de março de 2008 -, vai mostrar hoje, durante o segundo dia de julgamento, como era o cotidiano da família. O objetivo do advogado é demonstrar como era o relacionamento entre os membros da família e o que de fato aconteceu, mostrando que "não havia razão para uma brutalidade tão grande com a Isabella", explica.

reportagem_podval.jpg

 

Para Podval, "ficou claro que antes disso tudo havia conflito entre famílias". "As famílias brigavam, tinham ciúmes, e a relação não era harmônica, mas é coisa que acontece no dia a dia de qualquer família", conclui o defensor de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, pai e madrasta da vítima e acusados do crime – eles alegam inocência. Isabella, de 5 anos, foi jogada do 6º andar do Edifício London, onde o casal morava.

Em relação ao pedido da defesa feito ontem, concedido pelo juiz, em manter a mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira, à disposição da Justiça, Podval se defendeu. "Eu não posso convocá-la para depor depois, por isso tive que pedir para que ela ficasse. É a vida de duas pessoas que está em jogo."

Sobre o pedido de acareação entre a mãe de Isabella e o casal Nardoni, Podval não confirmou se vai fazer o pedido. "Preciso ouvir o depoimento de Alexandre e se houver alguma contrariedade com o depoimento de Ana Carolina Oliveira, aí sim eu preciso colocá-los frente a frente", disse.

Atraso

O julgamento estava previsto para reiniciar às 9 horas de hoje, porém, não havia começado por volta das 10h05. Segundo informações do Tribunal de Justiça (TJ), os jornalistas que poderão assistir à sessão ainda não haviam sido liberados para entrar no Fórum de Santana, na zona norte da capital paulista.

Ao chegar ao fórum, carregando uma rosa branca na mão, a avó materna de Isabella, Rosa Maria Cunha de Oliveira fez um desabafo aos jornalistas presentes. "Minha neta está dentro do coração da gente. Eles nunca vão conseguir matar ela." A avó espera também que Alexandre e Anna Carolina Jatobá "sejam condenados por 25 a zero". Ela estava acompanhada do marido, José Arcanjo de Oliveira.

Segundo a avó, ela foi impedida de falar com sua filha, Ana Carolina, porque a mãe da vítima está à disposição da Justiça. De acordo com Rosa Maria, querem fazer uma acareação entre a mãe de Isabella e o casal Nardoni. Completando o desabafo, a avó disse que "Ana Carolina precisa ter o luto dela, porque por dois anos não conseguiu enterrar a filha".

Entenda o caso

A menina Isabella, de 5 anos, morreu no dia 29 de março de 2008, em São Paulo, ao cair do 6º andar do Edifício London, onde moravam o pai e a madrasta. Defesa e acusação calculam que o julgamento deve durar de quatro a cinco dias. Os dois são acusados de homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima. Eles alegam inocência.

Leia mais:

Clique aqui para ler a cobertura do primeiro dia

Copyright © 2010 Agência Estado. Todos os direitos reservados.