Trinta e oito mulheres, três homens e uma criança. Essa é a conta macabra do número de assassinatos que Saílson José das Graças, 26 anos, diz ter cometido. Ele foi preso na noite da quarta-feira 10, na Baixada Fluminense (RJ), e discorreu, com frieza que impressionou até os mais experientes policiais, como matava suas vítimas. O assassino contou que escolhia suas presas, em sua maioria mulheres brancas, depois de “estudar” o comportamento delas durante dias, e que não atacava negros por serem “da família”. Costumava estrangulá-las e esfaqueá-las – e, algumas vezes, arrancava suas unhas. Os únicos casos que fogem ao padrão são os da criança de 3 anos, morta por ter chorado ao ver a mãe ser assassinada, e três homens, eliminados mediante pagamento. “Matava porque gostava. Não me arrependo e, quando sair, provavelmente vou matar de novo”, disse. Ao lembrar da primeira vez que assassinou alguém, aos 17 anos, falou: “Deu aquela adrenalina”. Esta é a quinta vez que Saílson é preso.

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BARBÁRIE
Saílson José das Graças, na quarta-feira 10, ao ser preso:
frieza e crueldade ao descrever seus assassinatos

“Confesso que é a primeira vez que vejo um serial killer com uma psicopatia tão forte”, disse o delegado Pedro Henrique Medina. Porém, a psicóloga Beatriz Breves, autora do livro “A Maldade Humana”, acha que o comportamento dele não é doentio: “Se fosse patologia, não faria distinção. Ele não ataca o negro porque se identifica, isso é um sinal de culpa.” A especialista afirma que o prazer descrito pelo assassino e a adrenalina são fruto da sensação de poder sobre a vida e a morte do outro, como um Deus. Da mesma forma, o especialista em criminologia Alvino Augusto de Sá acrescenta que os serial killers têm uma situação não resolvida que pede para ser extravasada. “Quando cometem o primeiro homicídio, é como se encontrassem uma resposta para essa turbulência interna, que se torna uma demanda irrefreável”, diz. Felizmente, agora, Saílson está impedido de matar.

Fotos: Gabriel de Paiva Agência O Globo