Na Universidade do Sul da Califórnia (EUA), o método tem outro objetivo. Jonathan Gratch, do Departamento de Ciências da Computação, e sua equipe estão testando o SimCoach. Trata-se de um programa com a chamada inteligência artificial: personagens virtuais com feições e reações humanas atuam como ajudantes dos terapeutas. Fazem perguntas e reagem quando o paciente, a sua frente, muda de posição ou se cala. Por meio das respostas, detectam sinais de possíveis problemas em seu interlocutor – como tendências suicidas ou abuso de drogas. Quando isso acontece, a pessoa é aconselhada a buscar ajuda médica. Uma das vantagens da ferramenta é que não se fala diretamente com o terapeuta. “Os indivíduos ficam mais dispostos a revelar situações delicadas ao terapeuta virtual”, disse Gratch à ISTOÉ.

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VIAGEM
Após o uso da técnica, Marlon se sentiu fortalecido para entrar em um
avião. Já foi até o Peru, enfrentou turbulência, mas não teve medo

A reabilitação motora também tem se beneficiado dessas tecnologias. Nos EUA, o serviço hospitalar Beth Abraham adotou jogos virtuais na fisioterapia. Os pacientes são posicionados em frente a grandes telas de tevê, nas quais se vêem projetados. Uma câmera capta os seus movimentos, que servem de comando para o game. “O doente se diverte e se sente incentivado a realizar a fisioterapia”, falou à ISTOÉ Randy Palmaira, diretor da instituição.

No Brasil, as potencialidades da terapia virtual despertaram o interesse da engenheira Ana Grasielle Corrêa. Ela desenvolveu o Gen Virtual. No game, cartões de realidade aumentada produzem sons de instrumentos variados quando a pessoa passa o dedo sobre eles. O paciente pode brincar de jogo de memória ou tocar as melodias que aparecem na tela. Os movimentos que realiza durante a brincadeira são semelhantes aos dos exercícios fisioterápicos. “Mas no jogo virtual os pacientes se sentem mais motivados”, diz Ana. Em sua primeira sessão com o game, Alan Cordeiro, 19 anos, aprovou o recurso. O jovem tem distrofia muscular e já perdeu parte de seus movimentos. “É divertido fazer as atividades.”

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APERTO
No Rio de Janeiro, a equipe de Rafael Freire aplica um programa contra fobia de lugares fechados.
Na tela, o paciente experimenta a sensação de estar dentro de um ônibus

Na Universidade Federal de São Paulo, os aparelhos estão contribuindo para a cura de distúrbios como labirintite e cinetose – doença na qual a pessoa se sente enjoada em meios de transporte. Nesses casos, a tecnologia obriga as pessoas a reencontrar o controle sobre o equilíbrio corporal. Dez sessões ajudaram Juliana Chaubet, 23 anos, a superar a cinetose. “Em uma hora de ônibus, da faculdade para a minha casa, passava mal”, lembra. “Desde a terapia, não tive mais problemas.”

Para o futuro, os especialistas apostam em uma intensa disseminação, na medicina, deste novo recurso. “Há novas descobertas a cada dia”, disse à ISTOÉ Greg Burdea, da Universidade de Rutgers (EUA) e criador do termo reabilitação virtual – hoje usado para tratar de todas as terapias com uso da tecnologia.

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