O ator Renato Góes, 38 anos, atualmente no ar como Ivan no remake de “Vale Tudo”, novela de sucesso no horário nobre da Globo, contou ter sido diagnosticado aos 12 anos de idade com vitiligo, doença crônica que provoca a perda de pigmento em áreas da pele.
“Ficava envergonhado. Na escola, ia só de calça. Na praia, de bermuda”, declarou ele em entrevista para a revista GQ publicada nesta terça-feira, 5, acrescentando que na ocasião, tinha uma mancha na coxa esquerda.
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Estima-se que a doença afete até 1% da população mundial e é caracterizada pela perda de pigmentação da pele.
“Mesmo sendo uma doença benigna e não contagiosa, as lesões provocadas pelo vitiligo geram um impacto psicológico, profissional e social na vida do paciente, afetando sua qualidade de vida e autoestima”, afirma a dermatologista *Dra. Jade Cury, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional São Paulo (SBD-RESP).
“É importante enfatizar que o vitiligo não é contagioso. Além disso, ele não traz prejuízos à saúde física, mas o acompanhamento psicológico pode ser recomendado”, acrescenta.
A dermatologista esclarece que o principal e único sintoma da doença apresentado pela grande maioria dos pacientes é o surgimento de manchas cutâneas acrômicas (sem pigmentação), ou seja, manchas brancas de tamanhos variados na pele que se formam devido a diminuição ou ausência de melanina, pigmento produzido pelos melanócitos, nos locais afetados.
“As causas do vitiligo ainda são desconhecidas, mas já se sabe que fenômenos autoimunes, genéticos e alterações emocionais são fatores que estão relacionados com a doença, podendo desencadeá-la ou agravá-la. Além disso, pessoas que possuem histórico de vitiligo na família têm mais chance de sofrer com a doença”, explica.
O diagnóstico clínico deve ser feito por um dermatologista. O vitiligo pode ser classificado em dois tipos: segmentar ou unilateral e não segmentar ou bilateral.
“O primeiro, normalmente, aparece quando o paciente ainda é jovem, manifesta-se apenas em uma parte do corpo e pode afetar também a coloração dos pelos e cabelos. Já o vitiligo não segmentar ou bilateral é o tipo mais comum da doença e manifesta-se de forma generalizada, geralmente surgindo primeiro nas extremidades do corpo, como mãos e pés. Desenvolve-se em ciclos de perda de cor e estagnação que duram a vida toda e tendem a se tornar maiores com o tempo”, completa a especialista.
Quanto à prevenção, não há maneiras conhecidas ou científicas comprovadas que ajudem a evitar o surgimento do vitiligo.
“Mas os pacientes que têm tendência ou já sofrem com a doença devem evitar fatores que possam acelerar o aparecimento de novas lesões ou acentuar as já existentes, como a exposição solar prolongada e ferimentos na pele”, diz a Dra. Jade.
“A intenção do tratamento é cessar o aumento das lesões (estabilização do quadro) e também a repigmentar a pele. Existem medicamentos que induzem à repigmentação das regiões afetadas como tacrolimus derivados de vitamina D e corticosteroides”, explica a presidente da SBD-RESP.
“A fototerapia com radiação ultravioleta B banda estreita (UVB-nb) é indicada para quase todas as formas de vitiligo, com resultados excelentes, principalmente para lesões da face e tronco. Pode ser usada também a fototerapia com ultravioleta A (PUVA). Laser e técnicas cirúrgicas ou de transplante de melanócitos também são opções”, completa.
Medicamentos milagrosos, fórmulas naturais e receitas dadas por leigos podem levar à frustração e também a reações adversas graves.
“Por isso, procure um dermatologista ao perceber os sintomas da doença, pois os resultados do tratamento podem variar entre cada caso e apenas um profissional qualificado poderá indicar a melhor opção de acordo com as características de cada paciente”, finaliza.