Na última quarta-feira (07), Renan Calheiros, relator da CPI da Covid-19, afirmou que o senador Flávio Bolsonaro está sendo investigado por um possível envolvimento no caso Covaxin.

Em entrevista ao Metrópoles, Renan explicou que estão sob investigação os fatos sobre a participação do filho mais velho de Jair Bolsonaro e de dois advogados na negociação de imunizantes, sendo eles: Willer Tomaz, próximo a diversos políticos do Centrão e amigo de Flávio, e Frederick Wassef, um dos integrantes da defesa do senador e também seu amigo.

Quando perguntado sobre o por que perguntou sobre Willer e Wassef a Luis Miranda, há duas semanas, no depoimento do deputado, Calheiros explicou que fez o questionamento porque tem conhecimento de fatos que lhe despertaram suspeitas sobre uma possível atuação ilegal dos dois.

“O relator tem acesso a aspectos variados da investigação. E eu, como relator, fico obrigado a toda vez que há dúvida sobre o envolvimento de alguém, ou sobre uma relação indecorosa de alguém com seja lá quem for, você tem que perguntar”, disse.

Na sequência, o relator foi indagado sobre qual seria a suspeita da relação dos dois advogados com o caso Covaxin. “Não posso antecipar fatos, mas eu queria te dizer que nós estamos investigando e vamos continuar investigando, sim”, contou.

Durante a entrevista, Renan foi perguntado se Flávio Bolsonaro também era investigado. “Também, da mesma forma, né? Alguns aspectos precisam ser investigados (…) Eu estou compromissado com essa investigação, seja em qual direção ela puder caminhar”, afirmou.

Ao decorrer do diálogo, Calheiros relatou que não falaria a respeito do que tem conhecimento, mas apontou que já considera a confissão de um crime por parte do filho mais velho de Jair. “O Flávio, por exemplo, numa intervenção na própria Comissão Parlamentar de Inquérito, confessou que teria levado o dono da Precisa [laboratório que intermediava a compra da vacina indiana] ao BNDES, né? Isso é a confissão de um crime. Advocacia administrativa [quando um servidor defende interesses particulares no órgão em que trabalha]. Isso não é competência de um senador da República. Levar um driblador da lisura e do dinheiro público [Francisco Maximiano, dono da Precisa] a um banco oficial para obter empréstimos não é correto do ponto de vista da atribuição de um senador. Isso foi uma confissão”, revelou.

Segundo Renan, Flávio ainda não é formalmente investigado porque isso só ocorre “na medida em que você vai tendo conhecimento dos fatos e das provas e dos indícios”.

O relator da CPI terminou a entrevista dizendo que as digitais do presidente estão presentes nas negociações da Covaxin devido ao tratamento diferenciado que o imunizante indiano recebeu. “No dia 8 de janeiro, enquanto ele recusava as vacinas do Butantan, da OMS e da Pfizer, ele pedia ao primeiro-ministro da Índia a preferência para comprar 20 milhões de doses da Covaxin”, finalizou.