Nos bastidores do Supremo Tribunal Federal, muitos ministros acreditam que André Mendonça ainda não dançou e que ele respira por aparelhos, podendo sobreviver ao massacre que Davi Alcolumbre está promovendo contra ele, com a recusa em marcar a sabatina. Ministros mais ligados à Lava Jato e, claro, o bolsonarista Kássio Nunes Marques apostam que o ex-AGU ainda vai emplacar. Outros, contudo, como o ministro Gilmar Mendes, o novo decano, não o querem. Preferem Aras, 60, para a vaga, o que, aliás, é o desejo do senador do Amapá, “dono” da CCJ. O maior entrave para o indicado de Jair Bolsonaro é o fato de ele ser “terrivelmente evangélico”. Alcolumbre desdenha, e a maioria do STF entende que o Estado laico deveria prevalecer. Luís Fux acredita que ele tem chances.

Trama

O que inviabiliza, então, a sabatina? Comenta-se que Davi pede algo em troca, que Bolsonaro não está disposto a dar. Mais verbas do orçamento não deve ser, porque ele é o que mais recebeu. Dizem que ele sempre quis ser ministro e o presidente nunca cedeu. Agora, isso não importa mais. Será candidato à reeleição e só quer “apoio” do Planalto.

Pastores

Nada, porém, é mais forte do que o aspecto religioso. Bolsonaro errou feio ao dizer que desejava uma “bancada da Bíblia” no tribunal. Falava que se fosse reeleito teria outras duas vagas para 2023 (Rosa e Lewandowski se aposentam). Por isso, evangélicos têm feito romarias a Brasília, com a faca nos dentes. Davi diz que não teme ameaças. Será?

A grita dos governadores

A Câmara aprovou, a toque de caixa, projeto de lei que reduz o ICMS dos combustíveis em até 7%. Bolsonaro quer fazer bondades com o chapéu alheio. A proposta, que ainda precisa passar no Senado, reduzirá a arrecadação em R$ 90 bilhões, R$ 31 bilhões dos quais sairão dos cofres dos estados. Wellington Dias (PT-PI), coordenador da frente dos governadores, já anunciou que os 26 estados entrarão no STF.

Retrato falado

“Papo para boi dormir” (Crédito:Jefferson Rudy)

Omar Aziz, presidente da CPI da Covid, ficou furioso ao ler na imprensa trechos do relatório final da comissão elaborado por Renan Calheiros e pediu o adiamento da sessão que votaria o documento na última quarta-feira, 20, remarcando a data para esta terça-feira, 26. “A história de que o vazamento contribuiria para o debate é papo para boi dormir.” Aziz pediu que fosse amenizado. Assim, Bolsonaro acabou sendo indiciado por 9 crimes, e não mais por 11, entre eles, genocídio e homicídio, como queria Renan.

Safra menor

Não serão apenas os brasileiros que vivem em miséria no governo Bolsonaro que passarão fome no ano que vem. A classe média também vai penar para ter comida na mesa. E foi o presidente quem fez essa advertência: em 2022, faltarão fertilizantes para os agricultores plantarem a próxima safra, especialmente de milho, essencial para a produção de óleos e rações para animais. Ou seja, além de faltar alimentos básicos, os preços da comida terão preços muito salgados. Para o pobre, então, os alimentos ficarão inacessíveis. É que a matéria-prima dos fertilizantes, como fósforo, potássio e ureia, é importada e os países produtores vão jogar os preços nas alturas em razão da explosão da demanda.

Made in China

Um dos maiores produtores de fertilizantes é a China, que também vai plantar mais e já disse que vai sobrar pouco para vender aos outros países. No caso do potássio, o maior produtor mundial é Belarus, que enfrenta problemas internos em razão de sanções econômicas impostas pela União Europeia.

Toma lá dá cá

Orlando Morando, prefeito de São Bernardo do Campo (Crédito:Divulgação)

Como vê as prévias para presidente que o PSDB organiza para dia 23 de novembro?
Com serenidade. É uma disputa saudável para o partido. Doria tem vantagem pelo apoio do maior número de prefeitos, parlamentares e filiados do País, porém, sempre respeitando nosso concorrente.

Essa vantagem se deve ao fato de ele governar o estado mais importante do País?
É natural. Tanto que já tivemos alguns governadores de São Paulo que representaram o partido na eleição presidencial.

Qual é a estratégia que o PSDB deve adotar na eleição presidencial de 2022?
A população buscará uma nova opção para administrar o País, que não é o petismo e nem o bolsonarismo. Doria teve a coragem de enfrentar um presidente negacionista e tem a marca de ser forte adversário do PT.

O fator PSD

Pedro Ladeira

O PSD de Gilberto Kassab pode virar o fiel da balança em 2022. Tem 11 senadores, 35 deputados, 654 prefeitos e um fundo partidário de R$ 157,1 milhões. Mas ele quer mais: deseja ter Pacheco disputando a presidência e ficar forte para negociar no segundo turno: com Lula, as conversas estão adiantadas, mas se der Bolsonaro, Fábio Faria fará a ponte.

De olho no futuro

O partido quer ter ainda palanques fortes nos estados para eleger ao menos 66 deputados e obter mais dinheiro para as eleições de 2024 e 2026. Deseja fazer ainda uns 5 ou 6 governadores. Em SP, espera atrair Alckmin. No RJ, pode lançar o prefeito Paes. Em MG, conta com o prefeito Kalil, enquanto que no PR acredita que Ratinho Jr. se reelegerá.

Das telinhas da TV para as urnas do TSE

O apresentador Datena (PSL), da Band, voltou a dizer que será candidato a presidente e, por isso, vai deixar seus programas na TV e rádio. Na mesma esteira, o ator José de Abreu vai dar um tempo na carreira e promete ser candidato a deputado pelo PT do Rio: se for eleito, vai ter que olhar de frente para a deputada Tábata Amaral (PSB), que ele ameaçou de morte e xingou.

Rápidas

* Os brasileiros estão desgostosos com Bolsonaro e fogem do Brasil, principalmente em direção aos EUA. Somente este ano, 46 mil brasileiros foram presos na fronteira do México tentando imigrar ilegalmente para o país de Biden. Esse número é o maior em dez anos.

* Os EUA não querem papo com Bolsonaro. O secretário de Estado, Antony Blinken, fez um giro pela América Latina e se recusou a visitar o Brasil. Esteve no Equador e na Colômbia. O brasileiro é considerado “tóxico”.

* Baleia Rossi, presidente do MDB, ficou 20 dias de “molho” após uma cirurgia para retirar um tumor benigno no quadril, mas o celular não parou: alguns querem arrastá-lo para os braços de Lula, mas ele não quer. Prefere Doria.

* O senador Alvaro Dias (Podemos-PR) pensava em pendurar as chuteiras, depois de mais de 30 anos no Congresso, mas mandou mensagem aos eleitores no último final de semana informando que deverá tentar um novo mandato.