22/10/2021 - 9:30
Nos bastidores do Supremo Tribunal Federal, muitos ministros acreditam que André Mendonça ainda não dançou e que ele respira por aparelhos, podendo sobreviver ao massacre que Davi Alcolumbre está promovendo contra ele, com a recusa em marcar a sabatina. Ministros mais ligados à Lava Jato e, claro, o bolsonarista Kássio Nunes Marques apostam que o ex-AGU ainda vai emplacar. Outros, contudo, como o ministro Gilmar Mendes, o novo decano, não o querem. Preferem Aras, 60, para a vaga, o que, aliás, é o desejo do senador do Amapá, “dono” da CCJ. O maior entrave para o indicado de Jair Bolsonaro é o fato de ele ser “terrivelmente evangélico”. Alcolumbre desdenha, e a maioria do STF entende que o Estado laico deveria prevalecer. Luís Fux acredita que ele tem chances.
Trama
O que inviabiliza, então, a sabatina? Comenta-se que Davi pede algo em troca, que Bolsonaro não está disposto a dar. Mais verbas do orçamento não deve ser, porque ele é o que mais recebeu. Dizem que ele sempre quis ser ministro e o presidente nunca cedeu. Agora, isso não importa mais. Será candidato à reeleição e só quer “apoio” do Planalto.
Pastores
Nada, porém, é mais forte do que o aspecto religioso. Bolsonaro errou feio ao dizer que desejava uma “bancada da Bíblia” no tribunal. Falava que se fosse reeleito teria outras duas vagas para 2023 (Rosa e Lewandowski se aposentam). Por isso, evangélicos têm feito romarias a Brasília, com a faca nos dentes. Davi diz que não teme ameaças. Será?
A grita dos governadores
A Câmara aprovou, a toque de caixa, projeto de lei que reduz o ICMS dos combustíveis em até 7%. Bolsonaro quer fazer bondades com o chapéu alheio. A proposta, que ainda precisa passar no Senado, reduzirá a arrecadação em R$ 90 bilhões, R$ 31 bilhões dos quais sairão dos cofres dos estados. Wellington Dias (PT-PI), coordenador da frente dos governadores, já anunciou que os 26 estados entrarão no STF.
Retrato falado
Omar Aziz, presidente da CPI da Covid, ficou furioso ao ler na imprensa trechos do relatório final da comissão elaborado por Renan Calheiros e pediu o adiamento da sessão que votaria o documento na última quarta-feira, 20, remarcando a data para esta terça-feira, 26. “A história de que o vazamento contribuiria para o debate é papo para boi dormir.” Aziz pediu que fosse amenizado. Assim, Bolsonaro acabou sendo indiciado por 9 crimes, e não mais por 11, entre eles, genocídio e homicídio, como queria Renan.
Safra menor
Não serão apenas os brasileiros que vivem em miséria no governo Bolsonaro que passarão fome no ano que vem. A classe média também vai penar para ter comida na mesa. E foi o presidente quem fez essa advertência: em 2022, faltarão fertilizantes para os agricultores plantarem a próxima safra, especialmente de milho, essencial para a produção de óleos e rações para animais. Ou seja, além de faltar alimentos básicos, os preços da comida terão preços muito salgados. Para o pobre, então, os alimentos ficarão inacessíveis. É que a matéria-prima dos fertilizantes, como fósforo, potássio e ureia, é importada e os países produtores vão jogar os preços nas alturas em razão da explosão da demanda.
Made in China
Um dos maiores produtores de fertilizantes é a China, que também vai plantar mais e já disse que vai sobrar pouco para vender aos outros países. No caso do potássio, o maior produtor mundial é Belarus, que enfrenta problemas internos em razão de sanções econômicas impostas pela União Europeia.
Toma lá dá cá
Como vê as prévias para presidente que o PSDB organiza para dia 23 de novembro?
Com serenidade. É uma disputa saudável para o partido. Doria tem vantagem pelo apoio do maior número de prefeitos, parlamentares e filiados do País, porém, sempre respeitando nosso concorrente.
Essa vantagem se deve ao fato de ele governar o estado mais importante do País?
É natural. Tanto que já tivemos alguns governadores de São Paulo que representaram o partido na eleição presidencial.
Qual é a estratégia que o PSDB deve adotar na eleição presidencial de 2022?
A população buscará uma nova opção para administrar o País, que não é o petismo e nem o bolsonarismo. Doria teve a coragem de enfrentar um presidente negacionista e tem a marca de ser forte adversário do PT.
O fator PSD
O PSD de Gilberto Kassab pode virar o fiel da balança em 2022. Tem 11 senadores, 35 deputados, 654 prefeitos e um fundo partidário de R$ 157,1 milhões. Mas ele quer mais: deseja ter Pacheco disputando a presidência e ficar forte para negociar no segundo turno: com Lula, as conversas estão adiantadas, mas se der Bolsonaro, Fábio Faria fará a ponte.
De olho no futuro
O partido quer ter ainda palanques fortes nos estados para eleger ao menos 66 deputados e obter mais dinheiro para as eleições de 2024 e 2026. Deseja fazer ainda uns 5 ou 6 governadores. Em SP, espera atrair Alckmin. No RJ, pode lançar o prefeito Paes. Em MG, conta com o prefeito Kalil, enquanto que no PR acredita que Ratinho Jr. se reelegerá.
Das telinhas da TV para as urnas do TSE
O apresentador Datena (PSL), da Band, voltou a dizer que será candidato a presidente e, por isso, vai deixar seus programas na TV e rádio. Na mesma esteira, o ator José de Abreu vai dar um tempo na carreira e promete ser candidato a deputado pelo PT do Rio: se for eleito, vai ter que olhar de frente para a deputada Tábata Amaral (PSB), que ele ameaçou de morte e xingou.
Rápidas
* Os brasileiros estão desgostosos com Bolsonaro e fogem do Brasil, principalmente em direção aos EUA. Somente este ano, 46 mil brasileiros foram presos na fronteira do México tentando imigrar ilegalmente para o país de Biden. Esse número é o maior em dez anos.
* Os EUA não querem papo com Bolsonaro. O secretário de Estado, Antony Blinken, fez um giro pela América Latina e se recusou a visitar o Brasil. Esteve no Equador e na Colômbia. O brasileiro é considerado “tóxico”.
* Baleia Rossi, presidente do MDB, ficou 20 dias de “molho” após uma cirurgia para retirar um tumor benigno no quadril, mas o celular não parou: alguns querem arrastá-lo para os braços de Lula, mas ele não quer. Prefere Doria.
* O senador Alvaro Dias (Podemos-PR) pensava em pendurar as chuteiras, depois de mais de 30 anos no Congresso, mas mandou mensagem aos eleitores no último final de semana informando que deverá tentar um novo mandato.