O médico e escritor Drauzio Varella afirmou nesta segunda-feira (10) que religião não deve interferir em programas de saúde. Ele foi o entrevistado do dia no programa Roda Viva, da TV Cultura.

“Acho que toda vez que a religião interfere em programas de saúde, atrapalha. Acho que tem direito de se manifestar, mas não definir estratégia, isso é coisa para técnicos fazerem”, afirmou.

O médico também comentou sobre como os homens ficam “esquecidos” nas campanhas contra a gravidez na adolescência.

“A gravidez na adolescência é uma realidade que a sociedade fecha os olhos, finge que não existe. [No total] 20% dos partos do SUS são de adolescentes, não é um número pequeno”, avaliou.

“Vejo na cadeia, menina que com 14 anos teve o primeiro filho, com 16 o segundo, com 17 o terceiro […] Você vê que toda discussão de campanhas para gravidez na adolescência não fala dos homens. Os homens engravidam as mulheres e não tem nenhuma responsabilidade”, disse.

Durante o Roda Viva, o médico também elogiou o Sistema Único de Saúde (SUS) e defendeu que o sistema não pode deixar de ser financiado. Ele analisou ainda como a sociedade aprendeu sobre a epidemia da AIDS.

“Na época da epidemia de AIDS [nos anos 80], o papa da época se manifestou claramente contra o uso de preservativo. Um crime que a igreja católica cometeu. Uma doença sexualmente transmissível, uma epidemia mundial, que se transmite por sexo e que a camisinha protege, você ir contra o uso é um crime, não tem outro nome”, acrescentou.