Dois relatórios da Vale, de 2017 e 2018, mostram que a mineradora sabia dos riscos de rompimentos da barragem da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG). Em novembro de 2017, um documento da empresa afirma que a barragem tinha chance duas vezes maior de colapso do que o nível máximo aceitável. As informações são da agência de notícias Reuters e do G1.

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Um documento da Vale, de outubro de 2018, mostrava que a chance da barragem em Brumadinho se romper estava muito acima do nível tolerado pela política de segurança da empresa e que o local era uma “zona de atenção”. Em nota, a empresa afirmou que não existe qualquer tipo de relatório ou laudo que faça menção ao risco de colapso iminente da barragem da Mina do Córrego do Feijão e que o local “estava dentro do limite de risco”.

De acordo com uma fonte da ISTOÉ, o Ministério Público de Minas de Gerais também possui uma cópia do documento interno da Vale e, por conta disso, a qualquer momento pode pedir a prisão de executivos da Vale, sendo que um deles o presidente da companhia, Fábio Schvartsman.

O deputado estadual João Vítor Xavier (PSDB), autor de um projeto de lei que endurece as regras da mineração, comentou sobre os relatórios da Vale. “Essa informação só vem a confirmar aquilo que a gente tem dito há muito tempo, que as empresas aceitam conviver com a insegurança. É muito grave essa informação, pois dá contornos ainda mais dramáticos ao caso, mostra que tudo isso podia ter sido evitado”, afirmou.

O Ministério Público de Minas Gerais afirma que outras oito barragens da Vale estão em zona de atenção e que elas estão situadas em áreas próximas a núcleos urbanos, havendo pessoas em situação de risco no caso de um novo rompimento. Até segunda-feira (11), 165 corpos foram resgatados da lama em Brumadinho. Outras 155 pessoas, de acordo com a Defesa Civil de Minas Gerais, continuam desaparecidas.