O relatório da empresa Tüv Süd sobre a Barragem I da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, mostra que a estabilidade do alteamento estava no limite de segurança das normas brasileiras. Em uma escala onde o fator mínimo de segurança é 1,50, a base da barragem foi registrada como de fator 1,60, de acordo com o documento. O material foi elaborado com base em informações incompletas, com documentos a partir de 2003, e mostra que na visita a campo, para observação da estrutura, a equipe da consultoria alemã encontrou 15 pontos de atenção.

O material está sendo usado pelo advogado da consultoria na defesa do coordenador do projeto, Makoto Namba, e do consultor em geotecnia, André Jum, presos há uma semana nas investigações sobre a tragédia. A análise de estabilidade mostra que há lacunas importantes de informação. A Barragem I começou a ser construída em 1976 e recebeu dez alteamentos sucessivos entre 1982 e 2013. Os técnicos da consultoria receberam informações sobre os alteamentos realizados apenas a partir de 2003, quando a Vale assumiu a empresa que antes pertencia à Ferteco.

“Grande parte da informação disponibilizada se refere aos últimos alteamentos, sendo que para o dique de partida e os alteamentos iniciais, as informações disponíveis não são confiáveis ou inexistem, em especial no que diz respeito aos sistema de drenagem interna e caracterização física e mecânica dos materiais”, afirma o relatório na página 84.

A partir das informações que dispunha, a consultoria recomendou à Vale a instalação de novos piezômetros “multiníveis em locais estratégicos”. A proposta da consultoria é que fossem instalados um em cada uma das dez camadas. Além das documentação sobre como foram construídos os vários níveis da barragem, a Tüv Süd recomendou a elaboração de um estudo sobre como era, de fato, a barragem. A previsão era que esse estudo ficasse pronto em junho. Novos estudos para avaliar os risco sísmicos também seriam elaborados.


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