Os palestinos detidos por Israel durante a guerra de Gaza foram submetidos a tortura em vários casos, afirma um relatório das Nações Unidas divulgado em Genebra nesta quarta-feira (31).
“Os depoimentos recolhidos pelo meu gabinete e por outras entidades indicam uma série de atos atrozes, como simulações de afogamento e cães soltos sobre os detidos, entre outros atos, em flagrante violação do direito internacional dos direitos humanos e do direito internacional humanitário”, declarou o alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUR), Volker Turk.
Ao menos 53 prisioneiros de Gaza e da Cisjordânia morreram detidos em Israel desde 7 de outubro, de acordo com um relatório do escritório de direitos humanos da ONU, que cobre um período entre essa data e 30 de junho.
Desde o ataque sem precedentes do Hamas a Israel em outubro, milhares de palestinos – incluindo médicos, pacientes, moradores e combatentes presos – foram levados de Gaza para Israel, “geralmente algemados e vendados”, e outros milhares foram presos no Cisjordânia e em Israel, afirma o relatório.
“Normalmente eram detidos secretamente, sem saber o motivo da sua detenção e sem acesso a advogado ou controle judicial”, segundo o documento.
Turk apelou às partes em conflito para que façam todo o possível para alcançar um cessar-fogo e garantir o pleno respeito pelo direito internacional, assim como a transparência em relação a estupros e abusos.
Na sua conclusão, o relatório afirma apresentar “motivos razoáveis para acreditar” que desde 7 de outubro, Israel e grupos armados palestinos “cometeram graves violações e abusos […] em relação aos direitos humanos, à liberdade e à proteção contra a tortura e outros males, assim como violação e outras formas de violência sexual, que podem constituir crimes de guerra”.
Em 7 de outubro, comandos do Hamas atacaram o sul de Israel, matando 1.197 pessoas, a maioria delas civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses. Das 251 pessoas sequestradas, 111 ainda estão detidas em Gaza, das quais 39 morreram, segundo o Exército.
Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva militar na Faixa de Gaza, governada pelo Hamas, que já deixou mais de 39.400 mortos, segundo dados do Ministério da Saúde do território.
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